Folha de S. Paulo


Papa inicia visita à Terra Santa pedindo paz na Síria

O papa Francisco chegou neste sábado (24) à Jordânia para o primeiro dos seus três dias de visita ao Oriente Médio. O pontífice foi recebido com honras pela família real.

Ele havia afirmado a jornalistas, dentro do avião, que seu coração "procura por amor" na região, durante uma viagem que será "desafiadora". Sua primeira grande mensagem foi pedir pela solução da crise síria, em que mais de 150 mil pessoas já morreram desde 2011.

A Síria tem uma pequena população cristã, estimada em 10%. Cidades históricas do cristianismo, como Maalula, são alvos de ataques de rebeldes islamitas, preocupando a comunidade internacional a respeito das minorias religiosas dentro do país.

Na Jordânia, o papa elogiou a "coexistência serena" entre cristãos e muçulmanos. "A liberdade de culto é um direito humano, e não posso deixar de expressar minha esperança de que ela seja mantida no Oriente Médio."

A Jordânia é uma das nações mais afetadas pela guerra no país vizinho. Quase 600 mil sírios já cruzaram as fronteiras jordanianas em busca de abrigo, representando um sério impacto na economia.

Em discurso, o papa agradeceu ao rei jordaniano Abdullah por ter recebido "uma grande quantidade de refugiados palestinos, iraquianos e, em especial, da Síria". Ele também elogiou o monarca local por ser "um homem de paz" e "um artífice de paz".

Após encontrar a família real, o papa rumou ao estádio nacional da capital, Amã, para celebrar uma missa.

O gesto fora feito também por João Paulo 2º e por Bento 16, quando estiveram ali. Era estimada a participação de 25 mil pessoas na missa.

O papa deve se encontrar, ainda neste sábado, com refugiados sírios e também iraquianos na região do rio Jordão, onde a tradição afirma ter sido batizado Jesus Cristo. Francisco deve conhecer, às margens do rio, crianças deficientes.

Neste domingo (25), o papa segue para Belém, de helicóptero, para uma curta visita aos territórios da Cisjordânia, ocupados por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Acredita-se que Jesus tenha nascido ali.

A passagem do pontífice pela Cisjordânia —no total, seis horas— desagrada às autoridades israelenses, já que o programa oficial da visita se refere ao território como "Estado da Palestina", uma entidade política que Israel não reconhece existir.

Após reunir-se com famílias palestinas em Belém e com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, o papa deve viajar a Israel, para o ápice de sua visita: a celebração, na Igreja do Santo Sepulcro, do aperto de mãos entre um papa e um patriarca ortodoxo, assim como ocorreu há 50 anos entre Paulo 6º e Atenágoras.

A passagem do papa Francisco pelo Oriente Médio será curta, mas o pontífice terá suas palavras medidas por todas as partes interessadas. Palestinos esperam que ele condene a ocupação israelense, enquanto Israel aposta na melhora das relações entre esse país e o Vaticano.

O papa Francisco, por sua vez, insiste em que a visita será apenas a de um peregrino, e sua agenda dá conta mais de suas relações com a igreja ortodoxa e os fiéis locais do que com a política.

Por outro lado, o pontífice deve visitar, em Israel, o túmulo de Theodor Herzl (1860-1904), pai do sionismo, em gesto de grande carga simbólica. Ele também se reunirá com o presidente israelense, Shimon Peres, e com o premiê, Binyamin Netanyahu.

Em Jerusalém, na véspera da visita, as ruas estavam prontas para recebê-lo. As vielas da cidade antiga estavam decoradas por mensagens de boas-vindas, incluindo textos em árabe, e o brasão do Vaticano enfeitando as janelas.

Editoria de Arte/Folhapress

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