Folha de S. Paulo


CIA promete não usar vacinação como disfarce para operações

A CIA anunciou que não vai mais usar campanhas de vacinação como disfarce para operações de inteligência.

A informação foi dada em uma carta de 16 de maio assinada por Lisa Monaco, assessora de contraterrorismo de Barack Obama. A correspondência foi endereçada a reitores de 13 escolas de saúde pública dos EUA. A publicação da carta foi revelada nesta terça-feira (20).

Em 2011, uma campanha contra a pólio em Abbottabad, no Paquistão, foi usada pela CIA para tentar extrair o DNA de crianças que seriam familiares de Osama bin Laden, na tentativa de identificar o terrorista.

A ação gerou críticas de um grupo de médicos e profissionais de saúde, entre eles os 13 reitores. Eles enviaram um pedido para que o governo não usasse mais esse tipo de tática. "Programas de saúde publica não devem ser usados para acobertar operações secretas", disseram.

Na carta, Monaco diz que os Estados Unidos "apoiam enfaticamente" os esforços pela erradicação da pólio. Ela também revelou que o diretor da CIA, John Brennan, se comprometeu em agosto a "não fazer uso operacional de programas de vacinação".

PAQUISTÃO

O Taleban costuma acusar os programas de vacinação de serem usados pelo Ocidente para atacar muçulmanos. Entre os boatos, dizem que a vacina tem carne de porco (o que é proibido pelo islã), causa Aids e torna as pessoas estéreis.

Segundo a ONG Human Rights Watch, 22 vacinadores foram mortos e 14 ficaram feridos no Paquistão entre 2012 e 2013. Como resultado, o país é o único país no mundo que teve um aumento de casos de pólio em 2013.

A Organização Mundial da Saúde apontou que 93 pessoas foram identificadas com a doença no ano passado.

Além do Paquistão, a pólio ainda é endêmica no vizinho Afeganistão e e no norte da Nigéria, onde outro grupo radical islamita, o Boko Haram, não aceita a vacinação.


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