Folha de S. Paulo


Malásia diz que desvio de avião desaparecido foi deliberado

Após uma semana de buscas infrutíferas pelo Boeing da Malaysia Airlines que desapareceu durante um voo Kuala Lumpur-Pequim, o premiê da Malásia, Najib Razak, reforçou neste sábado (15) durante uma entrevista coletiva a tese de que o avião foi desviado da rota por sequestradores.

Segundo Razak, é possível afirmar com "alto grau de certeza" que o sistema de comunicação da aeronave foi desligado antes que ela atingisse a costa leste da Malásia.

"Estas foram ações deliberadas de alguém no avião", disse o premiê malasiano, que evitou dizer de maneira categórica que seria obra de sequestradores. Afirmou apenas que está "claramente olhando todas as possibilidades".

Uma hipótese que se especula é de que o avião teria sido jogado no mar por um membro da tripulação, em ato de suicídio.

Horas antes da entrevista do premiê, no entanto, funcionários do governo da Malásia envolvidos na investigação, falando de forma anônima, foram mais assertivos ao dizer que a suspeita de sequestro deixou de ser apenas uma teoria. "É conclusivo", disse uma fonte à agência Associated Press.

O que levou à conclusão são os sinais de que o sistema de comunicação foi desativado de propósito, e não de forma acidenteal.

O funcionário disse que o motivo do sequestro é desconhecido e que não foram feitas exigências. Uma das suspeitas é de que o avião tenha sido vítima de piratas.

A maneira como o voo saiu da rota —e voou durante horas na direção oeste—, de forma a escapar dos radares civis, leva os investigadores a crer que só alguém com experiência em pilotagem seria capaz de fazer o desvio.

Com base em indicações de satélites de que o avião desviou para o oeste, o premiê da Malásia disse que o foco das buscas deixa de ser o mar do Sul da China e passa a ser dois "corredores".

Um ao norte, da Tailândia à fronteira entre Cazaquistão e Turcomenistão, o que levantaria a hipótese teórica de que o avião poderia ter caído em terra —ou pousado. Outro ao sul, da Indonésia ao oceano Índico.

Uma falha mecânica ou erro do piloto parecem estar descartados como motivo do desaparecimento. "As autoridades malasianas mudaram o foco da investigação para a tripulação e os passageiros a bordo", disse Razak.

Após a entrevista coletiva, a casa do piloto do avião, Zaharie Ahmad Shah, 53, foi alvo de busca pela polícia em Kuala Lumpur. Mas não foram dados detalhes.

Quatorze países participam das buscas e a demora na investigação gerou críticas à Malásia, principalmente por parte da China. Dos 239 passageiros a bordo, 154 são chineses.

A semana de alarmes falsos e escassez de informações sobre o paradeiro do avião foi descrita por um parente de um dos passageiros chineses como uma "montanha-russa emocional".

Para alguns, os indícios de sequestro revivem a esperança de que seus familiares estejam vivos.

"Agradeço pelo anúncio do premiê, agora está claro que podem encontrar o avião", disse Selamat Omar, cujo filho de 28 anos estava no voo, ao jornal "The Malay Mail". "Espero que todos os passageiros estejam bem".


Endereço da página:

Links no texto: