Folha de S. Paulo


Em Israel, Merkel diz que Irã ameaça Europa e defende Estado palestino

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que o Irã é uma ameaça potencial à Europa e defendeu a criação de um Estado palestino durante visita a Israel, que terminou nesta terça-feira.

"Nós vemos essa ameaça do Irã não só contra Israel, mas também como uma ameaça à Europa", disse, em entrevista coletiva com o primeiro-ministro do Estado judaico, Binyamin Netanyahu.

Yoav Lemmer/AFP
Chanceler Angela Merkel se encontra com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, em Jerusalém
Chanceler Angela Merkel se encontra com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, em Jerusalém

Merkel, no entanto, defendeu a continuidade das negociações sobre o programa nuclear iraniano. A Alemanha faz parte do grupo de países que negocia com os iranianos, junto com Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.

As seis potências já conseguiram o compromisso de Teerã para reduzir por seis meses o enriquecimento de urânio e negociam um acordo definitivo. Israel não acredita no diálogo e defende uma solução militar para acabar com o programa nuclear iraniano.

Na segunda (24), Merkel havia defendido a criação de um Estado palestino como única solução ao conflito com Israel. "Queremos ver progressos nessas negociações, e eu, pessoalmente, também o quero", afirmou.

O governo alemão critica a colonização israelense dos territórios palestinos e o adiamento da criação do Estado palestino. A revista "Der Spiegel" afirma que, devido à divergência, Netanyahu e Merkel chegaram a brigar em uma conversa por telefone.

As tensões, no entanto, devem diminuir nesta visita, com o envio de uma delegação de 16 ministros, em uma visita que acontece no mês em que os dois países comemoram os 50 anos do restabelecimento das relações diplomáticas.

Hoje, a Alemanha é o segundo maior aliado de Israel no mundo, só atrás dos Estados Unidos, e seu principal apoio político e econômico no continente europeu.

NETANYAHU

Na mesma entrevista, Netanyahu disse que faz o necessário para se proteger. A declaração é feita um dia após o Estado judaico fazer um ataque aéreo contra um alvo do movimento xiita Hizbullah na fronteira entre o Líbano e a Síria.

"Não contamos o que fazemos ou deixamos de fazer", acrescentou o primeiro-ministro na primeira reação de um líder israelense após o ataque.

Os líderes israelenses, com Netanyahu na primeira fila, advertiram em várias ocasiões que não permitiriam que a Síria fornecesse armas modernas ao Hizbullah.

No ano passado, o Exército israelense bombardeou bases militares e um comboio militar dentro do território sírio que o país diz ser um carregamento do regime sírio ao grupo radical xiita.


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