Folha de S. Paulo


Presidente deposto da Ucrânia é procurado por 'assassinato em massa'

Viktor Yanukovich, presidente deposto da Ucrânia, é procurado pelo "assassinato em massa de civis", de acordo com nota divulgada pelo novo ministro do Interior, Arsen Avakov. Há um pedido de prisão ao ex-presidente e a membros de seu governo.

Apesar de a acusação não ser específica, ela deve referir-se aos recentes embates nos arredores da praça da Independência, na capital, Kiev. Ali, morreram ao menos 82 pessoas na última semana. Manifestantes acusam as forças de segurança de usar franco-atiradores contra civis desarmados.

Yanukovich tem, atualmente, o paradeiro desconhecido. Ele deixou Kiev no sábado e, de acordo com alguns relatos, refugiou-se no leste do país, onde ainda tem algum apoio da população. Ele diz ser vítima de um golpe de Estado. Teme-se que ele tente deixar a Ucrânia.

O país vive os dias seguintes à deposição de Yanukovich, que foi retirado do poder por voto parlamentar no sábado passado. O governo está sendo reorganizado, com rápidas trocas em ministérios. O opositor Oleksander Turchinov foi escolhido, ontem, para o cargo de presidente interino do país.

A estabilidade é essencial neste momento, já que a Ucrânia se aproxima do pagamento de diversas dívidas internacionais. As reservas em moeda estrangeiras não são o suficiente, no longo prazo, e o país dependerá de pacotes de auxílio para não declarar moratória. Catherine Ashton, chefe da diplomacia europeia, viaja hoje à Ucrânia para discutir medidas de apoio à economia.

As manifestações na Ucrânia foram iniciadas em novembro após Yanukovich reverter o processo de aproximação com a União Europeia, preferindo sua aliada Rússia. Em parte, o ex-presidente tinha em vista um auxílio financeiro proposto por Moscou, agora em dúvida. A população rejeitou a medida e, reprimida, passou a exigir a renúncia do presidente.

Mas, apesar de as reivindicações terem sido cumpridas, incluindo a soltura da ex-premiê Yulia Timoshenko, manifestantes permanecem hoje na rua, protegidos por barricadas e milícias armadas com pedaços de pau. Os protestos devem seguir até as eleições antecipadas, previstas para 25 de maio.


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