Um jornal kuwaiti publicou, hoje, uma entrevista com o líder militar egípcio Abdel Fatah al-Sisi em que ele afirma ter a intenção de concorrer à Presidência do país.
A informação dificilmente surpreenderia, uma vez que Sisi -visto como mentor do golpe militar de julho- é apontado há meses como provável sucessor do islamita Mohammed Mursi, deposto pelo Exército.
Ele estampa camisetas e cacarecos nas ruas do Cairo, em uma histeria popular em torno de si. Ele é comparado por seus seguidores ao ex-presidente egípcio Gamal Abdel Nasser.
Mas as Forças Armadas afirmaram, na sequência da publicação da entrevista, que as palavras do militar foram mal interpretadas. Segundo porta-voz Ahmad Ali, Sisi só declararia sua suposta candidatura "diante do povo egípcio, e a mais ninguém".
Ainda que já esperado, o anúncio da intenção de se tornar presidente, se confirmado, deve aumentar o atrito entre Exército e islamitas no Egito. Desde o golpe de julho, liderado por Sisi, os seguidores de Mursi têm sido perseguidos politicamente no país.
Cerca de mil deles foram mortos, e a Irmandade Muçulmana, à qual Mursi é ligado, foi considerada uma organização terrorista no Egito.
Mursi, primeiro presidente democraticamente eleito no Egito, permanece detido e enfrenta uma série de julgamentos que incluem a acusação de incitar a violência contra manifestantes descontentes com seu governo.
As eleições presidenciais devem ser realizadas no Egito nos próximos seis meses. Segundo o jornal kuwaiti, Sisi teria dito que não vai "recusar o pedido" da população para que concorra ao cargo.