Folha de S. Paulo


Em discurso, Obama prometerá agir mesmo sem o aval do Congresso

Em seu discurso sobre o Estado da União, previsto para as 21h desta terça em Washington (0h de quarta em Brasília), o presidente dos EUA, Barack Obama, deve dizer que está disposto a assinar ordens executivas (o equivalente a medidas provisórias no Brasil), "passando por cima" do Congresso em temas que a Casa não vota.

"O que ofereço nesta noite são propostas concretas e práticas para acelerar o crescimento, para fortalecer a classe média e lhe proporcionar novas oportunidades. Algumas dessas propostas exigem a ação do Congresso, e eu estou ansioso para trabalhar com todos vocês. Mas os Estados Unidos não param e nem irão parar. Então, onde e quando eu puder dar passos sem o Legislativo para expandir as oportunidades para mais famílias americanas, é isso que irei fazer", dirá Obama, segundo trechos de seu discurso divulgados pela Casa Branca.

A mensagem dura ao Congresso deve vir acompanhada do anúncio de uma ordem executiva para elevar o salário mínimo de funcionários federais de US$ 7,25 para US$ 10,10 por hora –a intenção do presidente é que isso se torne referência nacional.

Obama quer usar o discurso do Estado da União, quando o presidente fala de suas prioridades e de seus projetos legislativos, para desfazer a imagem de paralisia de seu governo em ano eleitoral. Em novembro, ocorrem as eleições legislativas que renovam a Câmara e parte do Senado.

Como a Câmara é controlada pela oposição republicana, diversos projetos de Obama apresentados no Estado da União de 2013 nem foram votados –um deles é justamente a alta do salário mínimo. Além dela, estão parados no Congresso a reforma imigratória, o controle da venda de armas de fogo e políticas de estímulo econômico.

O presidente também deve dizer que a situação da economia norte-americana é a melhor desde a recessão de 2008 –com mais empregos e maior consumo– e que, embora o país ainda não tenha se recuperado totalmente, está mais perto disso.

"Hoje, após quatro anos de crescimento econômico, os lucros das empresas e os preços das ações estão em níveis raramente alcançados. Aqueles que estão no topo nunca tiveram resultados tão bons. Mas os salários médios praticamente não mudaram. A desigualdade se aprofundou. A mobilidade social foi interrompida. A dura realidade é que, mesmo com a recuperação econômica, muitos americanos estão trabalhando mais do que nunca para sobreviver. Além disso, muitos nem estão conseguindo trabalho", dirá Obama, segundo trechos divulgados pela Casa Branca.

Estava previsto ainda que ele defendesse seu polêmico plano de saúde, lançado em outubro de maneira atabalhoada (por um mês, o portal do plano não funcionou bem), e sua política externa.

RECORDE NEGATIVO

A popularidade de Obama está em recorde negativo, entre 39% e 44% na maioria das pesquisas. A equipe do presidente quer transformar seu discurso em uma virada midiática e de propaganda, para recuperar sua imagem.

Ontem, já havia menções ao discurso a cada hora na conta de Obama no Twitter (com 41 milhões de seguidores) e em várias redes sociais.

Logo depois do discurso, quando tradicionalmente um líder da oposição faz um pronunciamento de "resposta" ao presidente, diversos membros do governo participariam de bate-papos em redes sociais e tentariam espalhar a "mensagem" de Obama.

O primeiro discurso sobre o Estado da União foi feito em 1790 pelo primeiro presidente americano, George Washington, em Nova York, então capital provisória. Desde 1913, com Woodrow Wilson, praticamente todos os presidentes apresentaram o Estado da União ao Congresso. Desde 1947, o discurso é televisionado para todo o país.

com AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS


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