Folha de S. Paulo


Impasse entre rebeldes e regime atrasa entrega de ajuda na Síria

A falta de acordo entre o regime de Bashar al-Assad e os rebeldes está atrasando a entrega de uma carga de ajuda humanitária para 2.500 pessoas de Homs, na região central do país. Devido ao conflito, as Nações Unidas também não conseguem entrar em campo de refugiados palestinos perto de Damasco.

O envio de ajuda humanitária a Homs foi o primeiro assunto a ser abordado na conferência sobre Síria, que acontece em Genebra desde a semana passada. Também foi definida a retirada de mulheres e crianças da região, sitiada há mais de dois anos pelos confrontos entre o Exército e forças rebeldes.

Dois dias após o anúncio, no entanto, o acordo ainda não se cumpriu. Nesta terça, integrantes da missão da ONU tentam contato com os rebeldes para conseguir a saída dos civis. O governador da Província de Homs, Talal Barrazi, disse que as forças do regime estão prontas para a retirada.

Por outro lado, ativistas da oposição acusam o regime de impedir a entrada de comida na região. Os combates entre o regime e os rebeldes ainda impedem o acesso de 18 mil refugiados palestinos à ajuda humanitária no campo de Yarmouk, na periferia de Damasco.

O acampamento é cercado há meses pelo Exército, que busca opositores que se instalaram no local. A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos lançou na semana passada uma campanha pedindo o fim do assédio dos dois lados do conflito ao campo.

Membros do governo americano acusaram o regime sírio de contaminar as negociações de paz ao negar a entrega da ajuda à população síria. Washington ainda pediu a aprovação imediata da entrada dos comboios a outras áreas do país, incluindo Homs e Yarmouk.

ATENTADO

Mais cedo, dois homens-bomba detonaram explosivos em um posto de controle de Rahjan, na Província de Hama. O ataque foi reivindicado pela Frente al-Nusra, grupo vinculado à rede terrorista Al Qaeda, que qualificou a ação como uma vingança contra o ministro do Interior, Fahd al-Freij, nascido na cidade.

O ataque acontece no mesmo dia em que outro grupo armado rebelde, a Frente Islâmica, pediu à Coalizão Nacional Síria que deixe as negociações com o regime em Genebra. Para o líder da entidade, Hasan Abud, o regime "não entende outra língua que não a dos bombardeios e dos tiros".

Todas as milícias rebeldes sírias, moderadas e islâmicas, rejeitaram as negociações promovidas pelos Estados Unidos e a Rússia. Eles afirmam que o ditador Bashar al-Assad deve ser derrubado na guerra civil, que, em quase três anos, deixou 130 mil mortos.


Endereço da página: