Folha de S. Paulo


Após trégua, opositores têm nova reunião com presidente na Ucrânia

Os líderes da oposição da Ucrânia voltaram a se reunir nesta quinta-feira com o presidente Viktor Yanukovich, a horas do fim do ultimato lançado na noite de quarta (22). O encontro acontece após ser selada uma trégua nos combates entre manifestantes radicais e a polícia, que deixaram quatro mortos em cinco dias.

Foram convocados para a reunião o líder do partido UDAR e campeão de boxe, Vitaly Klitschko; o chefe da agremiação Pátria, Arseniy Yatsenyuk e Oleh Tiahnybok, do partido Liberdade. Os três haviam se reunido por três horas com o mandatário na quarta, mas não chegaram a um acordo.

A oposição pede a convocação de novas eleições presidenciais, a renúncia do gabinete do primeiro-ministro e a retirada da nova lei que limita ações nos protestos. Em seguida, decretaram o ultimato ao discursarem para seus aliados na praça da Independência, centro dos protestos na capital Kiev.

Caso o governo não reaja até as 20h desta quinta (16h em Brasília), os líderes da oposição prometeram dar apoio à ofensiva dos manifestantes contra a polícia, o que pode aumentar a violência. Antes da reunião, Vitaly Klitschko pediu trégua nos combates entre os manifestantes até o prazo final do ultimato.

A suspensão dos combates foi aceita pelos policiais e pelos manifestantes radicais, que inicialmente ignoravam as orientações dos líderes partidários da oposição. Os políticos também adotaram um tom mais radical devido à resistência do governo em negociar.

Em resposta, a Presidência convocou para a próxima semana uma reunião de emergência do Parlamento para resolver as demandas dos manifestantes. "Sabemos que os distúrbios públicos vieram com violência, incêndio e derramamento de sangue. Essa situação exige uma solução imediata", disse Yanukovich.

CONFRONTOS

A trégua é anunciada após uma madrugada de tensão e combates esporádicos entre as forças de segurança e os manifestantes radicais, em sua maioria mascarados e com capacetes. Os opositores atacaram com pedras, coquetéis molotov, respondidos pelos agentes com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.

No início da manhã, os manifestantes montaram uma barricada de pneus, que foram queimados e formaram uma coluna de fumaça. Os confrontos aconteceram após quatro manifestantes serem baleados e mortos pela polícia na quarta (22), segundo a Promotoria. Cerca de 700 pessoas ficaram feridas e 70 foram presas.

A situação provocou a preocupação das autoridades da União Europeia. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, conversou com Yanukovich, que garantiu não pretender anunciar um estado de emergência.

Os opositores querem a revogação de uma lei aprovada na semana passada que restringe os protestos. As medidas proíbem os protestos no centro de Kiev, a instalação de barracas em espaços públicos, o bloqueio de prédios estatais, a organização de carreatas e o uso de máscaras nas manifestações.


Endereço da página:

Links no texto: