Folha de S. Paulo


'Sumiço' de Cristina cria rejeição popular

Cristina Kirchner completou no domingo um mês sem aparecer em público. E há 41 dias a presidente não faz nenhum pronunciamento ou discurso. Do Twitter, rede social que usava com frequência, ela também saiu de cena. Sua última postagem foi em 13 de dezembro.

E os argentinos não estão gostando desse sumiço.

Pesquisa feita com 600 pessoas e divulgada no fim de semana pelo jornal "Perfil" mostra que para 43% da população a ausência de Cristina é negativa para o país.

Segundo a maioria dos entrevistados (48%), Cristina saiu de cena para "preservar a sua imagem".

Martin Zabala - 10.de.13/Xinhua
Cristina Kirchner participa de evento pelo aniversário de 30 anos do retorno da democracia na Argentina em dezembro de 2013
Cristina Kirchner participa de evento pelo aniversário de 30 anos do retorno da democracia na Argentina em dezembro de 2013

A nova fase de Cristina fora dos holofotes acontece em meio a problemas econômicos e uma crise energética. A inflação de 2013, segundo consultorias, foi de 28,3%, as reservas do país chegaram ao patamar mais baixo desde 2006 ( US$ 29,7 bilhões) e o dólar paralelo bateu seu recorde, sendo negociado a 11,95 pesos. Em dezembro, muitos argentinos de Buenos Aires e de cidades próximas ficaram mais de dez dias sem luz e até sem água.

Com esse cenário, a desaprovação à gestão de Cristina subiu 20 pontos em três meses, chegando a 66,5%, segundo pesquisa da consultoria Management & Fit.

No levantamento publicado pelo jornal "Clarín" no domingo, a aprovação à gestão da presidente caiu quase o mesmo percentual, passando de 44,4% em outubro para 27,4% em janeiro. Foram entrevistadas 1.600 pessoas.

Cristina havia conseguido melhores índices em outubro logo após ter sido submetida a uma cirurgia para a retirada de um coágulo na cabeça.

ECONOMIA

A pesquisa também mostra que para 75% dos argentinos, a economia do país "vai por um mau caminho".

"A economia tem preocupado muito os argentinos e isso se reflete na aprovação ao governo", diz à Folha Mariela Fornomi, diretora da Management & Fit.

Segundo Fornomi, a ausência de Cristina contribui também para a desaprovação à gestão. "As pessoas sentem que ficaram ao lado da presidente quando ela necessitou, mas que ela sumiu quando elas precisaram, quando ficaram sem luz, sem água."

Nesse período de silêncio, Cristina tirou mais de duas semanas de férias. No dia 20 de dezembro ela embarcou para o sul do país, onde passou o fim de ano em sua casa na Patagônia.

A oposição reclamou que a mandatária não tinha uma data para retornar e que havia um vazio de poder. Logo na sequência, Cristina retornou a Buenos Aires no dia 7 deste mês.

O sumiço da presidente já virou motivo de piada nas redes sociais, com mensagens como "Procura-se".

Um fanzine publicou um cartaz dizendo "Perdeu-se no dia 20 de dezembro. Estava acompanhada de um pinguim de pelúcia e de um cachorro. Está medicada".

A brincadeira se deve ao vídeo veiculado logo que a presidente voltou ao trabalho em novembro, após 45 dias de licença médica. Na gravação, ela aparecia ao lado de um pinguim de pelúcia e do cachorrinho Simón, presente do irmão de Hugo Chávez.


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