Folha de S. Paulo


Assad diz que há muitas chances de disputar eleição na Síria

Bashar al-Assad, ditador da Síria, afirmou em rara entrevista à agência de notícias AFP que há uma chance "significativa" de que ele concorra a um novo mandato, descartando a possibilidade de dividir o poder com a oposição no país.

"Não vejo uma razão pela qual eu não devesse concorrer. [Se houver] opinião pública a favor de minha candidatura, não vou hesitar por um segundo."

Mais especificamente, Assad referiu-se à chance de os rebeldes formarem um governo na Síria como uma "piada". "Eles vêm para a fronteira para uma [...] fotografia de 30 minutos e então fogem. Como podem ser ministros?", perguntou, durante a entrevista de 45 minutos à agência. Ele se referia à oposição cuja liderança vive hoje no exterior.

Sua fala à AFP coincide com as negociações pela paz na Síria, que devem começar nesta quarta-feira em Montreux, na Suíça. O encontro tem por objetivo encerrar a insurgência que já deixou mais de 100 mil mortos no país, desde 2011.

Mas a conferência suíça tem dado pouca margem aos otimistas. No domingo (19), o Irã foi convidado para participar do encontro. Na sequência, a oposição síria afirmou que não irá tomar parte em negociações que contem com a presença de Teerã.

O anúncio foi feito na conta de Twitter da Coalizão Nacional Síria, que exige a retirada do convite ao Irã. Os EUA afirmaram, também, que a ida de Teerã deve ser condicionada por seu apoio explícito a um governo de transição na Síria.

EXTERNO

Assad tem criticado a insurgência, descrevendo-a como grupos terroristas criados por atores internacionais como Qatar, Arábia Saudita, França e os EUA. "Quando nos sentamos com essas organizações, estamos na verdade negociando com esses países."

"Está claro para todos que alguns desses grupos que podem participar da conferência não existiam até recentemente."

A insurgência foi iniciada em março de 2011 na Síria. Se por um momento pareceu que rebeldes tomavam o controle do país, hoje as notícias dão conta dos avanços do regime de Assad.

"Isso não quer dizer que a vitória esteja próxima. Esse tipo de batalha é complicado, difícil e precisa de bastante tempo", disse o ditador à AFP. "Mas, quando você está defendendo seu país, está óbvio que sua única opção é vencer."


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