Folha de S. Paulo


Síria diz que declaração de Assad negando renúncia é "imprecisa"

A imprensa estatal da Síria disse que as declarações do ditador Bashar al-Assad publicadas neste domingo pela agência de notícias russa Interfax "são imprecisas". Na reportagem, a agência diz que o mandatário negou ter a intenção de deixar o poder e disse que sua renúncia não está em discussão.

"Se eu quisesse renunciar, eu teria feito isso no início. Somos os guardiães da nossa pátria. Esse tema não está em discussão. Só o povo sírio pode decidir quem participa das eleições", disse o ditador, segundo a agência russa.

Em comunicado na televisão estatal, o regime sírio ainda disse que a Interfax "não fez nenhuma entrevista com Assad", embora a agência russa tenha informado que a declaração foi feita durante reunião com parlamentares russos em Damasco.

Um dos membros da delegação de legisladores, o deputado Alexander Yushchenko afirmou que, no encontro, o ditador "sugeriu que seus opositores anunciassem sua candidatura e concorressem contra ele pelos votos da população, mas que, até o momento, nenhum deles fez isso".

A suposta declaração foi publicada três dias antes do início da conferência que visa dar fim à guerra civil no país, em Montreux, na Suíça. As negociações são patrocinadas por Estados Unidos, Rússia e a ONU e terão a participação de representantes do regime e do principal grupo opositor no exílio, a Coalizão Nacional Síria.

Os insurgentes pedem a renúncia de Assad para dar fim ao conflito, mostrando a continuidade do impasse entre o regime e os rebeldes. Além deles, as potências também se dividiram. Enquanto EUA, Reino Unido e França defendem a saída de Assad, Rússia e China não a colocam como condição para a transição política.

Em carta ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, Damasco afirmou que participará da conferência para defender a luta contra o terrorismo. O evento, no entanto, não deverá mudar o cenário dos combates, já que os principais grupos rebeldes moderados e as milícias vinculadas à Al Qaeda se negaram a parar a guerra.


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