Folha de S. Paulo


Retirada de armas químicas da Síria tem fim adiado para junho

O chefe da Organização para a Proibição de Armas Químicas, Ahmet Uzumcu, afirmou nesta quinta-feira que a remoção e destruição do arsenal químico da Síria não deve terminar antes do fim de junho. Segundo ele, a equipe enfrenta problemas logísticos e de segurança para retirar as armas.

A destruição dos químicos "primários" –gás mostarda e os componentes para obtenção de sarin e VX– estava prevista originalmente para ser concluída até o fim de março, mas a guerra civil, problemas climáticos e a burocracia prejudicaram o andamento do processo.

Segudo Uzumcu, apenas 16 das 560 toneladas de químicos primários foram transferidos para um barco que deixou o porto de Latakia, no oeste sírio, em dezembro. A embarcação, de bandeira dinamarquesa, está em águas internacionais à espera de novos carregamentos.

As armas deverão ser destruídas em um navio americano fundeado no mar Mediterrâneo, com equipamentos fornecidos por Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. A carga será transferida do barco dinamarquês para o americano no porto de Gioia Tauro, na Calábria, no sul da Itália, local definido nesta quinta.

CONFLITO

Na Síria, continuam os combates entre os rebeldes moderados e entidades islamitas ligadas à Al Qaeda que querem tomar o controle de parte do território do país. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres, 1.069 islamitas e 608 moderados morreram em combates neste mês.

Para a entidade, o combate é o mais sangrento desde o início do conflito entre os rebeldes e as forças do ditador Bashar al-Assad, em março de 2011. A maioria dos combates entre o moderado Exército Livre Sírio e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, vinculado à Al Qaeda, acontecem no norte do país.

O maior território em disputa é a Província de Aleppo, que é dominada pelos moderados, mas que encontra grande infiltração dos radicais islâmicos. Enquanto o Exército Livre Sírio mantém o controle de Idlib e Deir el-Zor, o Estado Islâmico é predominante na região de Raqqa.

Em meio ao confronto entre as forças insurgentes, delegações de Irã e Síria chegaram à Rússia para discutir os detalhes sobre a conferência de paz da Síria, que será realizada na semana que vem. Moscou e Teerã são os principais aliados do regime de Bashar al-Assad, que ganhou força nos últimos meses.

A divisão na oposição também se repete no campo político. Nesta quinta, o Comitê de Coordenação Nacional, uma das organizações que faziam parte da Coalizão Nacional Síria, desistiu de participar da conferência, patrocinada pela ONU, os Estados Unidos e a Rússia.


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