Folha de S. Paulo


Médica chinesa é condenada à morte por traficar recém-nascidos

Uma médica chinesa, declarada culpada de tráfico de recém-nascidos, foi condenada nesta terça-feira à morte com pena suspensa por dois anos, em um caso que revoltou a população devido ao fato do tráfico de crianças ser um problema crônico no país.

Zhang Shuxia, uma obstetra, foi acusada de ter sequestrado e vendido sete bebês na província de Shaanxi (no norte), informou o tribunal de justiça da cidade de Weinan.

Na maioria dos casos, Zhang tirou as crianças de seus pais afirmando a eles que seus filhos haviam morrido ao nascer ou que estavam muito doentes.

Na China, muitos pais estão dispostos a se livrar de filhos doentes por causa dos limites impostos pela política do filho único, assim como pelo medo do preconceito contra deficientes.

Zhang recebia 20 mil yuans por cada menina, enquanto meninos valiam 47 mil yuans.

O tribunal sentenciou Zhang à pena de morte, com uma suspensão de dois anos, alegando que suas ações "tiveram um impacto negativo na sociedade".

Esta pena equivale à prisão perpétua, já que normalmente é comutada.

REVOLTA

Esse caso causou choque no país, e deu destaque à crescente indústria de tráfico infantil, onde dezenas de milhares de crianças são roubadas por ano.

A maioria é vendida dentro do país, atendendo à demanda causada pela política do filho único e da tradicional preferência por filhos homens.

A China não divulga os números de quantas crianças são resgatadas a cada ano, mas informou que foram recuperadas 24 mil bebês nos primeiros dez meses de 2013.

A polícia, em alguns casos, não abriu um inquérito por que as chances pequenas de sucesso poderiam afetar as estatísticas de sucesso da corporação, além de ter resistido em investigar as famílias que compraram os bebês.

Até agora, cinco pessoas foram demitidas em Fuping, onde fica o hospital em que Zhang trabalhava, incluindo o diretor do hospital e o responsável pelo departamento de saúde, segundo a agência de notícias oficial Xinhua.

Promotores disseram ao tribunal que a rede de tráfico se estendia por diversas províncias chinesas, e que, apesar de Zhang ter sido condenada por casos de até 2011, ela pode ter roubado mais bebês antes disso.

Segundo a mídia estatal, a polícia recebeu denúncias de 26 incidentes supostamente envolvendo a médica.

Na internet, chineses celebraram a condenação, enquanto alguns pediram por uma punição mais dura.

"Ela deveria morrer, ela é a vergonha da profissão médica", disse um usuário da Sima, uma rede social parecida com o Twitter.

Outro escreveu: "A pena de morte devia ser aplica imediatamente".


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