Folha de S. Paulo


Grupo da Al Qaeda convoca guerra contra rebeldes sírios moderados

O Estado Islâmico do Iraque e do Levante, grupo vinculado à Al Qaeda que combate na Síria, fez um chamado nesta quarta-feira a seus seguidores para atacar os rebeldes moderados e a Frente al-Nusra, grupo também aliado à rede terrorista que pediu na terça (7) um cessar-fogo entre os insurgentes.

O chamado é feito na semana em que o Estado Islâmico perdeu território em diversas partes do país, depois de combates contra os moderados do Exército Livre Sírio, que recebem apoio das potências ocidentais e de países do golfo Pérsico.

Em comunicado, o porta-voz do Estado Islâmico, conhecido como Abu Mohammed al-Adnani, convocou seus combatentes a "esmagar" os grupos rebeldes e colocar como alvo a Coalizão Nacional Síria, grupo político que tem o apoio do Ocidente e pretende assumir a Síria após a queda do ditador Bashar al-Assad.

"Ataquem, faça campanha e esmaguem eles totalmente para enterrar a conspiração desde seu início. Ou por acaso concordamos ou nos submetemos ao fato de que o Levante [como os islamitas chamam a Síria] seja comandado pela Coalizão Nacional Síria?".

Para a entidade, a Frente al-Nusra "deu uma punhalada por trás" no Estado Islâmico e questionou a aspiração do grupo islamita para montar um governo baseado na sharia, a lei islâmica. "Batalhões que levam a bandeira do islã, a quem vocês enganaram? Quem vocês envolveram para lutar contra os guerreiros sagrados?".

Apesar de ambos os grupos serem aliados da Al Qaeda e acolham militantes estrangeiros, a Frente al-Nusra colocou como prioridade a derrubada de Assad. Os islamitas, que combatem na Síria há mais de um ano, cooperaram com outros grupos rebeldes, o que permitiu que mantivessem o domínio de seus territórios.

Enquanto isso, o Estado Islâmico, ramo iraquiano da rede terrorista, entrou na Síria sem consentimento da liderança central da Al Qaeda, que reconhece a Frente al-Nusra. O grupo ainda passa pela perda de domínio no seu território natal devido a uma operação do Exército iraquiano na Província de Al Anbar.

BASE

Nesta quarta, o Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres, informou sobre o que seria uma nova perda para o Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Segundo a entidade, a base do grupo islamita em Aleppo, no norte sírio, foi dominada pelo Exército Livre Sírio.

Os radicais islâmicos se agrupavam em um hospital infantil no bairro de Juez Askar. A entidade disse não saber o que aconteceu com os centenas de militantes que estavam no local. Durante a retomada, os rebeldes moderados liberaram dezenas de prisioneiros dos islamitas.

Na segunda (6), o Exército Livre Sírio também retomou o controle da cidade de Raqqa, no leste da Síria, além de tomar outros territórios do Estado Islâmico nas Províncias de Aleppo, Idlib e Latakia. Os ativistas afirmam que 274 combatentes radicais islâmicos foram mortos nos combates desde sexta (3).


Endereço da página: