Folha de S. Paulo


Rebeldes tentam controlar cidade dominada por extremistas na Síria

A principal força rebelde moderada da Síria entrou em confronto nesta segunda-feira com um grupo islâmico vinculado à Al Qaeda que controla a cidade de Raqqa, no leste do país. A cidade é a única capital de Província que não está sob o domínio do regime de Bashar al-Assad.

Os combates entre radicais islâmicos e os rebeldes moderados aumentaram nos últimos meses e forçaram as potências internacionais a interromper a ajuda que os segundos recebiam de potências como Estados Unidos e Reino Unido.

Os embates também enfraqueceram a oposição síria e permitiram a retomada de território pelo regime do ditador Bashar al-Assad, que conta com a ajuda de Irã e do grupo radical xiita libanês Hizbullah. A mudança complicou a resolução do conflito, que em quase três anos deixou 100 mil mortos, segundo a ONU.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres, os integrantes do Exército Livre Sírio cercaram uma das sedes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, vinculado à Al Qaeda, em Raqqa. Em seguida, os moderados liberaram 50 prisioneiros, submetidos a julgamento de tribunais islâmicos.

A região abriga o principal bastião dos radicais islâmicos ligados à Al Qaeda, que começaram a tomar diversas áreas antes comandadas por rebeldes moderados. Segundo o Exército Livre Sírio, mais de 400 combatentes morreram e outros 2.000 foram capturados pelos extremistas no segundo semestre de 2013.

Nesta segunda, a moderada Frente dos Revolucionários da Síria, um dos grupos do Exército Livre Sírio, pediu aos extremistas que deixem as armas e os combates contra os moderados e se juntem a eles para derrubar o regime de Assad.

Devido à interferência e à infiltração de extremistas, as forças rebeldes têm perdido o apoio da comunidade internacional. Outro ponto de descrédito é a negativa em dialogar com Damasco para dar fim ao conflito em uma conferência convocada pelos Estados Unidos e a ONU, a ser realizada no fim do mês na França.

TRÉGUA

Os rebeldes sírios de um distrito situado no norte de Damasco, Barzeh, acordaram no domingo um cessar-fogo local com o governo, depois de quase um ano de batalha, afirmaram ativistas.

"Após uma intensa negociação nos últimos dias entre o regime e o Exército Sírio Livre através de mediadores do bairro, foi alcançado o seguinte acordo: um cessar-fogo entre as duas partes", indicou em um comunicado o conselho opositor local.

As duas partes também acordaram "a retirada do exército de todo Barzeh e a limpeza (dos cadáveres) das ruas", segundo o comunicado.

Um ativista local, Abu Ammar, declarou à AFP pela internet que, embora o acordo ainda não tenha sido aplicado totalmente, "a intensidade da batalha diminuiu consideravelmente nos últimos três dias".

A trégua também contempla o retorno em duas semanas dos vizinhos que fugiram, e a restauração dos serviços.

Pouco antes, a agência oficial Sana havia afirmado que "200 membros do chamado Exército Sírio Livre e da Frente al-Nusra (jihadista) se entregaram" às forças do regime.

Abu Ammar nega que isto tenha ocorrido, e declarou que se trata de uma "tática para pressionar a oposição durante as negociações".

Há várias semanas, os rebeldes de Moadamiyet al-Sham, uma cidade em mãos de opositores a sudoeste de Damasco e atacada pelo exército, alcançaram um acordo similar com o governo, que permitiu a entrada de alimentos pela primeira vez em meses.


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