Folha de S. Paulo


Após tentativa de golpe de Estado, milhares de sul-sudaneses fogem para o Sudão

Milhares de cidadãos do Sudão do Sul fugiram dos combates em seu país e procuraram refúgio em seu vizinho do norte nas últimas horas, informaram neste domingo as autoridades do Sudão.

O responsável pela Comissão de Refugiados no Sudão, Hamad al Yazuli, disse à Agência Efe que aumentou desde ontem a entrada de sul-sudaneses nos estados fronteiriços de Nilo Branco, Senar, Nilo Azul e Kordofan do Sul.

Os esforços para atender, amparar e fornecer assistência médica aos deslocados estão se intensificando.

O governador de Kordofan do Sul, Adam al Falaki, afirmou à Efe por telefone que apenas este Estado recebeu no sábado centenas de refugiados do Sudão do Sul, entre eles crianças.

Falaki prevê a chegada de um elevado número de refugiados sul-sudaneses pois Kordofan do Sul tem 500 quilômetros de fronteira comum com o Sudão do Sul.

Um dos refugiados, Ismael al Sediq, que se deslocou a pé até o Sudão, explicou à Efe que "a situação é trágica" em Malakal, capital do estado sul-sudaneses de Alto Nilo.

Proprietário de várias lojas em Malakal, Sediq contou que os habitantes locais fugiram para as florestas quando explodiram os enfrentamentos entre o exército e as forças rebeldes, partidárias do ex-vice-presidente Riak Mashar.

Suas lojas foram saqueadas e incendiadas após a retirada do exército sul-sudaneses da cidade na semana passada.

Há dois dias, em reunião realizada em Nairóbi com os países africanos da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (Igad), o governo de Juba se comprometeu a cessar suas hostilidades com os insurgentes de forma imediata.

O organismo deu um prazo de quatro dias para que ocorra uma reunião entre o presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, e Mashar.

Kir (da tribo Dinka) acusa Mashar (membro do clã Lou Nuer) da tentativa de golpe de Estado do dia 15 de dezembro, que gerou enfrentamentos que causaram milhares de mortos no país.


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