Folha de S. Paulo


Obama defende espionagem, mas entende preocupação da população

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta sexta-feira que é preciso rever os programas de espionagem e fazer com que as pessoas tenham mais confiança no trabalho das agências de inteligência.

Em conferência de imprensa, Obama falou mais especificamente da coleta de dados telefônicos em ligações feitas dentro dos EUA e disse que esse programa terá que mudar.

No entanto, ressaltou que em todas as avaliações sobre espionagem não foram encontradas evidências de que a Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês) tenha agido de forma inapropriada.

Obama disse que alguns lotes de dados telefônicos coletados por agências de inteligência poderiam ser mantidos por empresas privadas, em vez de o governo dos EUA, como forma de recuperar a confiança dos norte-americanos no programa.

"Não podemos desativar unilateralmente", disse Obama. Mas informações podem ser coletadas com mais checagens e equilíbrio, disse ele.

Michael Reynolds/Efe
Presidente Barack Obama em conferência de imprensa de fim de ano, na qual falou sobre espionagem
Presidente Barack Obama em conferência de imprensa de fim de ano, na qual falou sobre espionagem

O presidente afirmou que confia no fato de que a NSA não está realizando espionagem doméstica.

A fala de Obama acontece após um juiz federal americano ter afirmado que a coleta de dados exercida pela NSA era inconstitucional.

Na quarta-feira (18), uma comissão formada a pedido de Obama avaliou o programa da NSA e fez uma série de recomendações, inclusive a de que cidadãos não-americanos tenham as mesmas proteções dadas aos americanos pela Lei da Privacidade de 1974, que limita a divulgação de dados pessoais.

Obama disse que essas recomendações estão sendo avaliadas e que fará um pronunciamento final sobre a atividade da NSA em janeiro.

Sobre as revelações de Snowden, Obama disse que causaram um dano desnecessário para a espionagem e a diplomacia americanas. O presidente ressaltou esses danos não precisariam ter ocorrido para que houvesse uma discussão em torno dos limites da espionagem.

Obama reiterou que desde o primeiro momento se mostrou favorável a abrir um debate sobre o equilíbrio entre segurança nacional, transparência e direitos à privacidade, mas havia outros modos para conseguir isso.

"Os Estados Unidos são um país que respeita o império da lei, a privacidade, os direitos civis e a Constituição", reforçou, que, sem fazer referência direta, criticou a Rússia, onde se refugiou Snowden, por ser especialmente duro com os dissidentes e a liberdade de imprensa.

Nesta sexta, os jornais "The New York Times" e "The Guardian" e a revista "Der Spiegel" informaram que o governos de Israel e da Alemanha, um alto funcionário da União Europeia, duas empresas francesas e um grupo de ONGs foram alvos da espionagem da NSA.


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