Folha de S. Paulo


Após sete anos, Paraguai aprova adesão da Venezuela ao Mercosul

A Câmara dos Deputados do Paraguai aprovou nesta quarta-feira em definitivo a entrada da Venezuela no Mercosul, em mais um passo para normalizar a relação com o bloco sul-americano. A votação acontece um ano e meio após o país ser suspenso do grupo devido ao impeachment de Fernando Lugo.

O projeto, que já havia sido aprovado no Senado, foi ratificado por 46 votos a favor e um contrário dos 80 deputados da Casa. A votação foi boicotada pelos parlamentares do Partido Liberal, do ex-presidente Federico Franco, que conduziu o país no período de transição entre a saída de Lugo e a posse de Horacio Cartes.

A adesão da Venezuela como membro pleno do bloco estava travada desde 2006 pelo Senado paraguaio. Com a saída de Lugo, em junho de 2012, o Paraguai foi suspenso do Mercosul, abrindo caminho para que Brasil, Argentina e Uruguai aprovassem a incorporação venezuelana.

O país só voltou ao bloco em agosto, após a eleição de Horacio Cartes para a Presidência. Durante o período afastado, Assunção não aceitou a entrada da Venezuela e tampouco acatou sua suspensão, alegando que em nenhum momento descumpriu as cláusulas dos tratados que regem o Mercosul.

Antes de assumir a Presidência, Cartes havia suspendido a reincorporação do Paraguai ao Mercosul por considerar que a Venezuela tinha sido admitida sem o consentimento e na ausência de Assunção, o que seria uma violação no tratado de criação do bloco.

O Ministério das Relações Exteriores afirmou que "a decisão é passo essencial para o fortalecimento político e comercial do MERCOSUL, com a plena participação do Paraguai, sócio fundador do bloco e parceiro estratégico do Brasil".

MADURO

Os deputados também retiraram por unanimidade a declaração de "persona non grata" contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. A medida foi colocada pela base de apoio de Franco contra o mandatário, na época chanceler, que foi acusado pelo ex-presidente de querer fazer um golpe de Estado no Paraguai.

Maduro fez parte da delegação de integrantes da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) que viajou a Assunção pouco antes do impeachment de Lugo, preocupado com a rapidez do processo. O julgamento político durou apenas 48 horas.

A volta do Paraguai ao bloco é uma das condições necessárias para o avanço das demoradas negociações de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.


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