Folha de S. Paulo


Empresário próximo a Cristina Kirchner pagou R$ 5,3 milhões a hotéis da presidente

O empreiteiro Lázaro Báez, que está sendo processado por lavagem de dinheiro, entrou com uma medida cautelar na Justiça para impedir que o jornal "La Nación" publique outros dados de pagamentos feitos por algumas de suas empresas a dois hotéis que a presidente Cristina Kirchner possui em El Calafate, na Patagônia.

A associação de entidades jornalísticas emitiu comunicado dizendo que a censura prévia é inconstitucional.

O jornal revelou na segunda-feira (16) que, entre 2010 e 2011, sete empresas de Báez assinaram acordos confidenciais para alugar um terço dos quartos de três hotéis de Cristina na cidade. Com os pagamentos, que totalizaram mais de 14,5 milhões de pesos argentinos (R$ 5,3 milhões), as propriedades garantiram suas receitas mesmo não tendo hóspedes na baixa temporada.

Por mês, as empresas de Báez pagavam o equivalente a 935 diárias ao hotel Alto Calafate --na baixa temporada, uma noite no local pode custa de US$ 173 a US$ 294.

O livro de contabilidade ao qual o "La Nación" teve acesso também mostra o pagamento de US$ 1 milhão a Néstor Kirchner, em 2010, pelo aluguel do hotel Las Dunas, de propriedade de Báez.

Essa transação fez com que a oposição argentina voltasse a questionar a relação entre Báez e o casal Kirchner. A deputada Elisa Carrió entrou na Justiça com um pedido de investigação "de suposta lavagem dinheiro da família Kirchner" e de Báez.

Báez é o dono da maior empreiteira de Santa Cruz, província dos Kirchner. A maioria das obras públicas na região os governos de Néstor e Cristina Kirchner foram feitass pelas empresas de Báez.

O empreiteiro se apresentou à Justiça nesta segunda (16) e reconheceu a autenticidade dos recibos, mas alegou que se tratam de informações privadas e que a divulgação desses dados geram lucros a terceiros.

Ele afirmou não ter cometido nenhum crime e disse que irá tomar as medidas judiciais cabíveis, pois se trata de uma "violação de segredo fiscal".

O secretário-geral da Presidência, Oscar Parrili, confirmou que as negociações aconteceram e que são do âmbito privado. Ele atacou a mídia por querer "colocar em dúvida a legitimidade e a honestidade dos atos privados" de Néstor e Cristina Kirchner.


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