Folha de S. Paulo


Regime sírio acusa radicais islâmicos por massacre com cem mortes

O regime de Bashar al-Assad acusou nesta terça-feira o grupo radical islâmico Frente al-Nusra de ter matado mais de cem civis na cidade de Adra, ao norte da capital Damasco. Segundo Damasco, a maioria dos mortos pelo grupo vinculado à rede terrorista Al Qaeda são drusos e alauitas, aliados do governo.

Em cartas enviadas à ONU e divulgadas hoje pela agência de notícias Sana, a Chancelaria Síria ainda vinculou a Brigada do Islã e a Frente Islâmica de estarem envolvidas na ação, que teria ocorrido no dia 11. Damasco diz que os extremistas dispararam e mutilaram funcionários públicos e queimaram suas casas.

As outras vítimas, segundo as autoridades, foram trancadas em uma padaria da cidade, que em seguida foi explodida pelos radicais islâmicos. O ministério acrescentou que os agressores sequestraram um número indeterminado de civis.

A ação havia sido informada pelo grupo opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos na semana passada. No entanto, os ativistas haviam colocado o número de mortos em 32 e não haviam mencionado que entidades islamitas sunitas haviam sido responsáveis pelo massacre.

O Executivo sírio se queixou ainda do que chamou de "campanha de incitação e ódio contra a Síria" e acusou Arábia Saudita e Qatar, que financiam os rebeldes, de promover os grupos. A Chancelaria lembrou também que o líder da Al Qaeda, Ayman al-Zawahiri, pediu para que se organizem ataques terroristas na Síria.

O local onde ocorreu o massacre é o mesmo onde, no dia 12, o Exército sírio começou uma operação para retomar o controle da região, que fica na fronteira com o Líbano e era uma das rotas para a chegada de armas para os rebeldes.

ALIANÇA

Nesta quinta, o Exército Livre Sírio anunciou uma aliança com a Frente Islâmica, um dos grupos islamitas que desejam a queda de Bashar al-Assad. O pacto acontece uma semana após os islâmicos tomarem um depósito de ajuda internacional controlado pelos rebeldes moderados.

A operação fez com que os Estados Unidos e o Reino Unido suspendessem a ajuda militar não letal fornecida ao Exército Livre Sírio. Na ocasião, a Coalizão Nacional Síria, principal aliança política da oposição, saiu em defesa dos milicianos e disse que, na verdade, eles haviam pedido ajuda aos islamitas para proteger o local.

Enquanto isso, o Exército sírio continua suas operações no país. De acordo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, pelo menos 13 pessoas morreram em um bombardeio a um bairro de Aleppo. Na mesma cidade, outras 76 foram mortas em outra ação aérea do regime de Bashar al-Assad no domingo (15).


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