Em 2011, o historiador Stephen Ellis concluiu que Nelson Mandela foi membro do Partido Comunista sul-africano. A notícia gerou frisson entre críticos e provavelmente tranquilizou americanos que endossaram o apoio dos EUA ao apartheid na Guerra Fria.
A breve filiação ao PC não justifica os gritos de "comunista!" nem amesquinha o legado de Mandela, mas é significativa sob alguns aspectos.
A colaboração inicial do Congresso Nacional Africano de Mandela com o PC foi casamento de conveniência para um movimento com poucos aliados. O PC e seus patronos na Rússia eram fonte de dinheiro para a luta armada, em boa medida ineficaz.
Além disso, por muito tempo, o PC foi o único parceiro no movimento antiapartheid com membros brancos, indianos e mestiços. Essa relação foi uma das razões que Mandela citou para rejeitar o nacionalismo negro e insistir no multirracialismo do CNA.
No final, o maior favor que o comunismo prestou a Mandela foi desabar. Quando a URSS se desintegrou, os últimos governantes brancos da África do Sul não puderam mais se retratar como aliados necessários na Guerra Fria. Seu tempo tinha acabado.
Tradução de CLARA ALLAIN