Folha de S. Paulo


Casa de Mandela vira ponto de homenagens e calçadão improvisado

A casa onde Nelson Mandela morreu, na última quinta-feira, atraiu neste sábado centenas de pessoas, transformando as ruas nas redondezas em um improvisado e festivo calçadão.

Embora o corpo não esteja mais no local, após ter sido transferido para um hospital militar, a residência no afluente bairro de Houghton, em Johannesburgo, é o ponto de atração de sul-africanos e turistas.

África do Sul fará três dias de cortejo fúnebre com corpo de Mandela
Desmond Tutu: "Prisão foi importante para Mandela perder raiva"
Sepultamento de Mandela será em aldeia pobre do interior

Tanto movimento transformou as calçadas em frente às mansões vizinhas à de Mandela em mostruários para todo tipo de badulaque, expostos sem cerimônia no chão, sobre a grama bem aparada.

Fabio Zanini/Folhapress
Ambulante vende bandeiras e broches do Congresso Nacional Africano, ao qual pertencia o ex-presidente Nelson Mandela
Ambulante vende bandeiras e broches do Congresso Nacional Africano, ao qual pertencia o ex-presidente Nelson Mandela

Quadros holográficos, em que diversas poses de Mandela se alternam, são vendidos a 200 rands (R$ 45). Camisetas com a estampa do herói saem por 100 rands (R$ 22,50), e bonés, por 50 rands (R$ 11,25).

No meio da rua interditada pela polícia, um grupo de hare krishna canta em homenagem a Mandela e distribui de graça porções de biryani, prato típico indiano à base de arroz. Alguns metros à frente, um grupo de sul-africanos entoa gritos de guerra que terminam com "siyabonga", obrigado na língua zulu.

Fabio Zanini/Folhapress
Flores e presentes depositados em frente à casa de Mandela, que virou ponto de homenagem dos sul-africanos ao líder negro
Flores e presentes depositados em frente à casa de Mandela, que virou ponto de homenagem dos sul-africanos ao líder negro

"Mandela é como uma religião na África do Sul", diz Sphamandla Shilubana, 19, estudante originalmente da província de Limpopo, norte do país.

Nascido em 1994, ano oficial do fim do apartheid, ele é parte da chamada geração "born free", ou nascida livre. Embora otimista com o potencial do país, quer estudar engenharia e ir embora para o exterior, em busca de emprego.

"Sempre pude ir a qualquer lugar e estudar em qualquer escola, graças a Mandela", afirma, com um buquê que iria depositar em frente ao portão de Mandela, já repleto de flores, faixas e ursinhos de pelúcia.

Branco, Edward Brass veio fazer turismo cívico acompanhado da mulher, duas filhas e da mãe. "Ele fez toda a diferença. Não seríamos um único país hoje se não fosse por Mandela", afirma.


Endereço da página:

Links no texto: