Folha de S. Paulo


Ahmadinejad desafia Rowhani a debater economia do Irã

O ex-presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad desafiou o novo chefe do governo, Hasan Rowhani, para um debate público para se defender das acusações sobre sua má gestão econômica.

Após a recente publicação por parte da equipe de Rowhani de um relatório sobre seus primeiros 100 dias de governo que ressalta o estado lamentável que recebeu a economia do país da presidência anterior, Ahmadinejad se defendeu e insinuou que os números apresentados pelo atual líder não estão corretos.

Durante um discurso televisionado, Rowhani disse que a má gestão de Ahmadinejad foram tão culpados pela inflação e desvalorização da moeda quanto as sanções internacionais.

Em carta enviada nesta quarta-feira para vários jornais iranianos, Ahmadinejad se defende das acusações "injustas" e "infundadas" e pede um "debate amistoso" para esclarecer as possíveis dúvidas que os cidadãos possam ter.

Um conselheiro de Rowhani disse que o presidente acolheu o convite para um debate sob a condição de que Ahmadinejad "respeite a verdade ", de acordo com a agência de notícias Fars.

Na semana passada, a presidência da República Islâmica publicou um relatório no qual criticava os desperdícios da administração anterior e afirmava que os últimos oito anos foram os de maior renda na história do país (600 bilhões de dólares em receitas de petróleo) e, ao mesmo tempo, o período em que o país mais se endividou (67 bilhões de dólares).

A equipe de Rowhani assegurou no dossiê que levaria pelo menos 17 anos para cumprir com os compromissos e abonar as dívidas adquiridas pelo Executivo que Ahmadinejad liderou durante oito anos. Além disso, acusou o governo anterior de fazer orçamentos "irreais".

AHMADINEJAD

Depois de sua vitória nas eleições em 2005, Ahmadinejad saiu de relativa obscuridade para se tornar figura mais visível do Irã, se tornando popular entre muitos extremistas religiosos e pessoas pobres.

Mas antes do término de sua presidência, ele perdeu o apoio do líder supremo do Irla, o aiatolá Ali Khamenei. Na semana passada, ele não conseguiu fazer uma aparição em tribunal para enfrentar acusações relacionadas ao seu desempenho econômico durante seu mandato.

Nos últimos anos, muitas facções políticas o acusaram de gastos imprudentes e má gestão fiscal, o que agravou o impacto das sanções das potências devido ao programa nuclear iraniano.

Rowhani obteve uma vitória eleitoral esmagadora em junho prometendo uma política de "engajamento construtivo" com o mundo que iria ajudar a aliviar os embargos. No mês passado, o Irã entrou em um acordo histórico com as potências ocidentais. Em troca do fim das sanções, o país suspenderá por seis meses seu programa nuclear.


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