Folha de S. Paulo


Merkel forma coalizão após aceitar salário-mínimo para Alemanha

O estabelecimento de um salário-mínimo oficial foi uma das medidas aceitas pela chanceler alemã, Angela Merkel, para formar a coalizão de governo entre seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), e o Partido Social Democrata (SPD).

O acordo foi fechado nesta quarta-feira, após mais de um mês de reuniões e dois meses depois da eleição parlamentar no país, que deu a liderança para a coalizão conservadora da chefe de governo, mas não foi capaz de produzir maioria no Parlamento.

Hannibal Hanschke/Efe
Presidentes do Partido Social-Democrata, Sigmar Gabriel, e da União Social Cristã, Horst Seehofer, comemoram acordo com Merkel
Presidentes do Partido Social-Democrata, Sigmar Gabriel, e da União Social Cristã, Horst Seehofer, comemoram acordo com Merkel

O rendimento era uma das exigências do SPD para integrar a coalizão. A partir de 2015, os trabalhadores alemães terão direito a ganhar a partir de € 8,50 (R$ 26,35) por hora. Os sociais-democratas também conseguiram o compromisso na aprovação de melhoras no sistema previdenciário e a dupla nacionalidade.

As novas medidas não significarão aumento de impostos, disse a própria Merkel antes do fim das negociações. Nesta quarta, a chanceler afirmou que manterá o controle das finanças, mas com prosperidade e segurança social, aumentando investimentos em educação, pesquisa e infraestrutura.

Para que a coalizão seja fechada, será necessária uma consulta aos 470 mil filiados do SPD, cujo resultado deve ser anunciado em 14 de dezembro. Se aprovada, Merkel poderá assumir o cargo no Parlamento alemão no dia 17, com o voto de 504 dos 631 deputados da Câmara baixa.

COMPROMISSOS

Esta será a segunda vez que Merkel liderará uma grande coalizão de governo, como aconteceu na primeira legislatura em que foi chefe de governo (2005-2009). Na última legislatura, Merkel optou por governar com o Partido Liberal (FDP), grupo que ficou fora do Parlamento por não superar a barreira dos 5% dos votos.

Além das concessões feitas aos sociais-democratas, a chanceler integrou demandas da União Social Cristã da Baviera (CSU), que inclui pedágio para estrangeiros nas estradas alemãs. Com a grande coalizão, a oposição será restrita ao partido A Esquerda, com 64 cadeiras, e os Verdes, com 63.

PERIGO E ESTABILIDADE

A Confederação da Indústria Alemã (BDI) vê perigos.

"Não é um impulso para o crescimento e o emprego, pois impõe um novo teste de resistência à economia e põe em perigo o que a Alemanha tem de atrativo para as indústrias", disse Ulrich Grillo, presidente da BDI.

Na Espanha, o premiê Mariano Rajoy e o presidente francês, François Hollande, concordaram que o acordo dá estabilidade política à Alemanha e à UE.


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