Folha de S. Paulo


Veja perguntas e respostas sobre a questão nuclear do Irã

Confira a seguir respostas para algumas das questões sobre as atividades nucleares do Irã, que motivam uma disputa entre o país e as potências que integram o Conselho de Segurança da ONU.

Na noite de sábado, o governo de Teerã e um grupo de seis países fecharam um acordo para a diminuição das pesquisas nucleares em troca da redução de sanções econômicas.

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Por que há uma crise entre os países?

Em resumo, porque as potências mundiais suspeitam que o Irã escondeu informações sobre seu programa nuclear e está tentando desenvolver uma bomba atômica.

O Irã afirma que tem o direito a usar energia nuclear e ressalta que suas pesquisas têm apenas fins pacíficos.

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O que levou à crise?

O programa nuclear do Irã tornou-se público em 2002, quando um grupo de oposição revelou a existência de uma usina de enriquecimento de urânio em Natanz e de um reator de água pesada em Arak.

O governo concordou em receber inspeções da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), mas a agência não conseguiu comprovar se o Irã estava ou não tentando criar uma bomba.

A incerteza levou os EUA e seus aliados a pressionar o país a parar de enriquecer urânio. Como as conversas não avançaram, o Conselho de Segurança da ONU estabeleceu sanções econômicas a Teerã.

Apesar disso, o Irã continuou a trabalhar com o urânio. Em 2009, foi descoberta a existência de uma nova instalação subterrânea, em Fordo, dedicada a esse fim.

As barreiras comerciais foram ampliadas em 2012, quando os Estados Unidos e países da Europa aumentaram o cerco sobre as exportações de petróleo e movimentações financeiras do país em bancos internacionais.

Mesmo com as dificuldades econômicas geradas pelas sanções, as negociações avançaram somente após a chegada de Hassan Rowhani à presidência em 2013, em substituição a Mahmoud Ahmadinejad, que governava o país desde 2005.

Editoria de arte/Folhapress

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O que o acordo atual determina?

O Irã concordou em reduzir suas atividades de enriquecimento em troca da flexibilização de algumas sanções. Esse acordo é considerado um primeiro passo e terá validade de seis meses. No período, será buscada uma solução definitiva.

O entendimento prevê que o Irã limitará o enriquecimento de urânio a 5%. Também não serão abertas novas centrífugas, usadas no processo de purificação do urânio. Com enriquecimento acima de 5%, o urânio pode ser usado para equipar armamentos.

O país também permitirá maior acesso a inspetores, incluindo visitas e a liberação de informações sobre as usinas nucleares de Natanz e Fordo.

Em troca, não haverá mais sanções relacionadas ao programa nuclear durante seis meses, o que permitirá o ingresso de alguns milhões de dólares à economia iraniana, como pagamento pela venda de produtos ligados ao petróleo e outros itens fabricados no país.

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O Irã teria como criar uma bomba nuclear se quisesse?

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse em março deste ano que o Irã poderia criar uma bomba nuclear em cerca de um ano. Entretanto, como o processo de elaboração da bomba envolve várias etapas elaboradas de forma separada (como a capacidade de enriquecer urânio e a criação de formas de transportá-la, por exemplo), estimativas de tempo são difíceis de fazer.

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Israel tem uma bomba nuclear?

O país não confirma nem nega que possua uma bomba do tipo. Entretanto, Israel não assinou o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, por isso não é obrigado a informar se possui a bomba. A Índia e o Paquistão também não o assinaram e desenvolveram armas nucleares.

No entanto, Israel não é uma parte do TNP, por isso não é obrigado a comunicar a ele. A Índia e o Paquistão também não integram o tratado e desenvolveram armas nucleares. A Coreia do Norte deixou o TNP e anunciou ter a capacidade de construir esse tipo de armamento.


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