Folha de S. Paulo


Tea Party culpa moderados do partido por fiasco

O balanço da última disputa política foi negativo para a reputação do Tea Party mesmo entre os republicanos.

Pesquisa do Pew Research Center mostra que, entre os eleitores do partido de inclinação moderada e liberal, a parcela dos que guardam uma impressão favorável sobre o grupo caiu de 46% em junho para 27% em outubro.

Paralisação dos EUA pode prejudicar republicanos

"Outros impasses já aconteceram, mas havia 17 anos não se chegava à paralisação de fato. Essa foi a diferença. E não foi só uma discussão sobre dívida e Orçamento: entraram questões ideológicas e políticas, misturaram o programa de saúde", afirma Juliana Horowitz, que participou da pesquisa do Pew.

Editoria de Arte/Folhapress

No público geral, 49% têm agora opinião desfavorável do Tea Party -há três anos, pouco após ele emergir como movimento de protesto ultraconservador contra as políticas de Barack Obama, essa parcela não passava de 25%.

A base conservadora, porém, ainda espera reação de suas lideranças e não acredita que elas serão punidas nas urnas no ano que vem.

"Estamos otimistas. Vamos continuar combatendo o Obamacare. Só precisamos pressionar mais do que fizemos neste ano", diz Deedee Vaughters, ativista do Tea Party na Carolina do Sul.
Analistas acreditam que, apesar da imagem maculada, membros do Tea Party como Ted Cruz contabilizaram algum ganho --o senador, um dos artífices da tentativa de fazer o governo refém por meio da paralisação, aspira à corrida presidencial de 2016.

"Muita gente não sabia quem ele era, inclusive dentro do Tea Party. Cruz virou o herói do movimento", avalia a pesquisadora do Pew.

Para Bob Vander Plaats, que chefia o grupo conservador The Family Leader, de Iowa, os culpados pelo "insucesso do Tea Party em atingir o Obamacare não foram conservadores reais como Cruz, e sim os republicanos do 'establishment', que cederam às demandas de Obama".

Com o racha no partido, "republicanos progressistas, como Lindsay Graham e Mitch McConnell, serão desafiados pela direita conservadora", diz Michael Kinzie, fundador do grupo de apoio Tea Party 911. "Esses políticos de carreira serão destronados em 2014", afirma.

O outro lado alimenta a contenda. O deputado republicano Peter King afirmou em entrevistas que é o momento de quebrar a ala mais à direita do partido. King participou dos esforços para que o republicano John Boehner, presidente da Câmara, procurasse saídas para dar fim à paralisação do governo.


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