Folha de S. Paulo


Frase de presidente do Irã sobre Holocausto gera controvérsia

Uma agência de notícias ligada ao regime do Irã contestou ontem a tradução de uma entrevista da TV americana CNN na qual o presidente Hasan Rowhani teria admitido a existência do Holocausto e chamado de "repreensível" o extermínio de judeus pela Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

A polêmica surge em meio a esforços de Rowhani de construir uma imagem do Irã diferente de seu antecessor Mahmoud Ahmadinejad, que chocou o mundo ao questionar reiteradas vezes as atrocidades cometidas contra judeus pelo regime de Adolf Hitler.

Em entrevista na terça-feira, Rowhani foi questionado pela CNN sobre se também achava o Holocausto um mito.

O presidente respondeu, em farsi com dublagem em inglês, que cabe aos historiadores avaliarem "as dimensões do Holocausto". Mas ele ressaltou que "qualquer crime contra a humanidade, incluindo os crimes cometidos pelos nazistas contra judeus e não judeus, é repreensível e condenável".

A agência Fars, ligada à cúpula militar de Teerã, acusou a CNN de "fabricar" as respostas de Rowhani. Segundo a Fars, que publicou sua versão da transliteração da entrevista, o presidente não usou os termos "Holocausto" nem "repreensível".

A Fars disse que a CNN agiu de má fé, já que a entrevistadora, a conhecida Christiane Amanpour, cujo é pai é iraniano, cresceu em Teerã e fala farsi fluentemente, conforme se pode notar em vídeos no Youtube.

A CNN rebateu as acusações e postou em seu site uma transliteração da entrevista que mantem a versão inicial. Segundo a emissora, o tradutor da entrevista foi apontado por assessores de Rowhani.


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