Folha de S. Paulo


Líder alemã irá governar por mais tempo que Margaret Thatcher

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, apenas três políticos conseguiram ser eleitos para um terceiro mandato na Alemanha.

Konrad Adenauer, que governou de 1949 a 1963, liderou a reconstrução da parte ocidental do país. Helmut Kohl, de 1982 a 1998, comandou a reunificação após a queda do muro de Berlim.

Angela Merkel entrou para o clube ontem, aos 59 anos. Se ficar no cargo até 2017, ultrapassará Margaret Thatcher como a mulher que governou por mais tempo na Europa (1979-90).

Eleita pela primeira vez em 2005, a chanceler alemã não tem o carisma dos antecessores. Demora a decidir e esconde ideias e sentimentos até dos aliados mais próximos.

Suas marcas registradas são pragmatismo e cautela, traduzidas pelos marqueteiros como garantias de segurança e estabilidade.

A fórmula tem agradado os alemães. Chamada de "Mutti" (mamãe), embora não tenha filhos, ela se tornou a política mais popular da Alemanha na última década.

Primeira chanceler nascida depois da guerra, Merkel é filha de um pastor luterano e foi criada na antiga Alemanha Oriental, onde chegou a integrar uma organização de jovens comunistas. Anos depois, ela diria ter entrado na entidade para sobreviver sob o ambiente de repressão.

Doutora em química quântica, só começou a se envolver na política já adulta, às vésperas da queda do muro, quando entrou para um grupo de ideário conservador.

Após a reunificação, foi convidada para atuar como porta-voz do governo. Seu desempenho chamou a atenção de Kohl, que a alçou a ministra da Mulher e do Jovem e, depois, do Meio Ambiente.

Na campanha de 2005, Merkel travou uma batalha dura com o então chanceler social-democrata, Gerhard Schröder, que chegou a se declarar o vencedor da eleição.

Após três semanas de conversas, conseguiu dobrar o adversário e chegou ao poder numa grande coalizão com o partido de Schröder.

A união foi boa para Merkel e ruim para o SPD (Partido Social-Democrata), que em 2009 teria o pior resultado eleitoral de sua história.

No segundo mandato seu aliado foi o FDP (Partido Liberal-Democrata). Ontem a maldição se repetiu: a chanceler venceu e a sigla aliada perdeu seu lugar no Parlamento.


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