Folha de S. Paulo


Assad afirma que destruição de armas químicas da Síria pode levar um ano

O presidente da Síria, Bashar al Assad, estimou nesta quarta-feira em um ano e US$ 1 bilhão o tempo e valor necessários para destruir o arsenal químico do país, mas afirmou estar "comprometido" a cumprir o acordo negociado por Estados Unidos e Rússia para esse fim.

"Acho que é uma operação muito complicada, tecnicamente. E é necessário muito dinheiro, cerca de US$ 1 bilhão. Alguns dizem que levará um ano, talvez um pouco mais", disse Assad em entrevista à rede de televisão americana Fox News.

O prazo previsto pelo governante sírio é semelhante ao estabelecido no acordo entre Washington e Moscou, que prevê que Damasco liste todo seu material químico à comunidade internacional no prazo de uma semana. Depois disso, está prevista a destruição "segura" desse arsenal até "meados de 2014". O plano inclui acesso ao material pelos inspetores externos até novembro deste ano.

"Escute o senso comum de seu povo", aconselhou Assad a Obama, em aparente referência às pesquisas de opinião nas quais os americanos se dizem contra a um ataque militar americano à Síria.

Ao ex-congressista democrata Dennis Kucinich, colaborador da Fox News, e ao correspondente do canal Greg Palkot, Assad considerou que o informe das Nações Unidas que disse ter encontrado "claras e convincentes evidências" do uso de gás sarin na Síria no mês passado "não é realista". Falando em Damasco, o ditador voltou a negar que seu governo usou armas químicas contra os rebeldes.

APOIO RUSSO

As negativas do governo Assad sobre o uso do arsenal químico ganharam um reforço da Rússia nesta quarta, quando o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Riabkov, disse ter recebido do regime sírio dados que provam a culpa dos rebeldes nos ataques químicos que ocorreram no país.

Os rebeldes, na maioria sunitas, lutam há mais de dois anos pela deposição do ditador Bashar al-Assad, que é um alauíta (facção do islã xiita).

Riabkov também criticou o relatório elaborado por uma equipe de inspetores da ONU, dizendo que foi "distorcido, parcial e baseado em informações insuficientes". Ele destacou que a Rússia "examinará" este material "com a máxima seriedade".

No dia 21 de agosto passado, um ataque com gás sarin deixou centenas de pessoas mortas em Ghouta, no subúrbio de Damasco. Vídeos e fotos das vítimas chegaram à internet, provocando reação da comunidade internacional. Para a inteligência americana, o ataque foi realizado pelo regime e matou 1.429 pessoas, sendo 426 crianças.


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