As redes sociais voltaram a ser bloqueadas no Irã nesta terça-feira, um dia depois de os internautas terem se surpreendido ao poder acessar, pela primeira vez em quatro anos, Facebook e Twitter sem usar softwares especiais para contornar os filtros do governo.
A medida havia gerado euforia na internet iraniana e em parte da mídia. Muitos atribuíram a iniciativa às promessas de abertura feita pelo presidente centrista Hasan Rowhani, eleito em junho graças a uma plataforma liberal.
Mas autoridades negaram ter levantado os filtros voluntariamente e alegaram que o acesso às redes sociais foi momentaneamente possível devido a uma falha informática no sistema que gerencia os provedores em todo o país.
"A falta de filtros no Facebook na noite passada foi aparentemente causada por problemas técnicos e [um] comitê tecnológico está investigando o caso", disse à agencia Mehr Abdolsamad Khoramabadi, integrante das autoridades de censura on-line.
Mas a abertura seguida de novo bloqueio alimenta especulações de que as instâncias de controle da internet são palco de disputa entre setores liberais próximos do presidente e facções ultraconservadoras não eleitas que se opõem a Rowhani.
Também há suspeitas de que as autoridade podem estar fazendo experimentos para avaliar o impacto social de uma eventual abertura definitiva.
"Eles estão fazendo testes para ver o que acontece se eles removerem os filtros e para ver se eles podem controlar a situação ou não", disse o engenheiro informático Arash Tajik, citado pela agência Reuters.
Com a volta dos filtros, o Irã volta à situação em que se encontra desde 2009, quando autoridades bloquearam as redes sociais com o objetivo de impedir a oposição de usar as redes sociais para organizar megaprotestos contra supostas fraudes na reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Apesar das numerosas restrições, iranianos navegam com facilidade na internet graças a programas, baratos e fáceis de instalar, que permitem contornar os filtros. Mas o uso desses softwares costuma tornar a navegação mais lenta.