Folha de S. Paulo


Regime sírio pede à ONU que impeça intervenção militar no país

O regime sírio pediu nesta segunda-feira à ONU que impeça "qualquer agressão" contra o país, em referência a uma intervenção estrangeira comandada pelos Estados Unidos. No sábado (31), o presidente Barack Obama defendeu uma ação armada contra o ditador Bashar al-Assad.

A intervenção seria uma resposta ao governo sírio que, segundo Washington, fez um ataque químico em 21 de agosto na região de Ghouta, na periferia de Damasco. Para os americanos, a ação deixou 1.429 mortos, sendo 426 crianças. Se confirmado, será o pior incidente com armas químicas em 25 anos.

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No entanto, Obama submeterá a ação militar a votação no Congresso americano, que encerra o período de recesso no dia 9. Caso não haja antecipação na data, as tropas do ditador sírio terão uma semana para preparar o terreno e conseguir apoio internacional contra o uso da força.

SAIBA MAIS

Em carta enviada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e à presidente do Conselho de Segurança, a argentina Maria Cristina Perceval, o embaixador da Síria na ONU, Bashar Ja'afari, fez um pedido para que se evite "qualquer agressão contra a Síria e pressionar para que se alcance uma solução política".

De acordo com nota da agência de notícias Sana, Damasco pede que o Conselho de Segurança "mantenha seu papel de garantidor da segurança para evitar o uso absurdo da força fora das regras de legitimidade internacional".

Ja'afari voltou a negar o uso de armas químicas por parte do regime e lembrou que há um ano comunicou sobre os riscos da aplicação desse armamento por grupos rebeldes.

"As atividades desses grupos coincidem com uma campanha política, diplomática e midiática feita por alguns países que são diretamente responsáveis pelo derramamento de sangue na Síria e impedem uma solução pacífica".

RÚSSIA

Nesta segunda, o chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou que Moscou não se convenceu com as provas dos Estados Unidos para acusar as tropas de Assad pelo ataque químico. "Não há nada específico nas evidências: sem coordenadas geográficas, nomes ou nada provando que os testes foram feitos por profissionais".

Para ele, uma intervenção americana "adiaria por muito tempo, inclusive para sempre" a organização de uma conferência de paz internacional, que vinha sendo estudada por russos e americanos há cinco meses. Porém, o evento nunca foi realizado por divergências dos dois países e entre o regime e os rebeldes.

Mais cedo, a agência de notícias Interfax informou que as Forças Armadas russas enviaram um navio de exploração para o mar Mediterrâneo. Segundo militares consultados pela agência, a missão do barco é "recolher informação operativa na zona de escalada do conflito sírio".

Já o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil el Arabi, defendeu uma intervenção se for aprovada pela ONU. Ele também descartou que haja divisões entre os países árabes sobre o assunto, já que a última resolução que condenou a Síria foi recusada apenas pelo Líbano.


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