Folha de S. Paulo


Análise: Otan pode agir na Síria ainda que sem aval da ONU

Obama não terá dificuldade para formar uma coalizão de membros da Otan (Organização para o Tratado do Atlântico Norte) dispostos a agir caso Washington opte por intervenção militar na Síria em resposta aos supostos ataques com armas químicas do regime de Assad.

No entanto, não há perspectiva de mandato da ONU para a ação militar --já que Moscou certamente utilizaria seu poder de veto.

EUA não têm dúvidas que regime sírio usou armas químicas, diz Kerry

A Turquia, com o segundo maior exército da Otan, abaixo dos EUA, está na linha de frente contra a Síria, arcando com número imenso de refugiados, e serve como conduto essencial de armas para os grupos em guerra contra Damasco. O país é severo crítico do regime de Assad e vem apelando ao Ocidente que faça mais.

Em qualquer coalizão internacional, desempenharia papel crucial --o que impactaria sobre o equilíbrio étnico do país, sobretudo entre a maioria sunita e a considerável minoria alevi, no sul, perto da fronteira síria.

Editoria de Arte/Folhapress

Reino Unido e França, únicas potências da UE (União Europeia) com capacidade e interesse para projetar força militar no exterior, devem se alinhar aos EUA.

Desde que surgiram informações sobre uso de armas químicas, Laurent Fabius, ministro do Exterior francês, está entre os proponentes de que "algo precisa ser feito". Em reuniões na última semana, Fabius discutiu as opções com o chanceler britânico, William Hague.

Israel deve apoiar os EUA, ainda que se preocupe com a forma de uma Síria pós-Assad. O presidente de Israel, Shimon Peres, apelou, após encontro com Fabius, por uma operação que remova armas químicas da Síria. "Elas não podem continuar lá, nas mãos de Assad ou de outros. O apelo moral é superior a considerações estratégicas".

Uma campanha de ataques militares com o objetivo de enfraquecer o regime de Assad, contudo, pode causar divisões na UE e na Otan.

É improvável que a Alemanha apoie a intervenção. Já a Polônia, maior potência militar no leste da UE, denunciou o ataque a civis na Síria como violação das leis internacionais, sugerindo não ter reservas em se envolver.

Na ausência de mandato da ONU, a intervenção da Otan em Kosovo em 1999 é o precedente mais claro para a ação, com a justificativa de intervenção humanitária.


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