Folha de S. Paulo


Paraguai 'blindará' relação com o Brasil

O futuro chanceler do Paraguai, Eladio Loizaga, ainda mantém suspense sobre qual será a posição do governo de Horacio Cartes, que assume na próxima quinta-feira, em relação ao retorno ao Mercosul. No entanto, ele já deixa claro que o governo saberá diferenciar as relações dentro e fora do bloco com o Brasil.

"As relações sempre têm dois caminhos: o bilateral e o Mercosul. Muitas coisas não se resolvem no Mercosul, mas se resolvem no bilateral", disse Loizaga à Folha ontem, por telefone, minutos antes de ter seu nome confirmado por Cartes para o Ministério das Relações Exteriores.

Segundo Loizaga, a relação entre o Paraguai e o Brasil "é muito importante para ambos". "Temos projetos comuns muito importantes, que vamos tocar adiante", disse.

A presidente Dilma Rousseff irá à posse e terá reunião com Cartes, na qual insistirá na importância da volta do Paraguai ao bloco e no avanço das relações bilaterais.

Fontes do governo brasileiro, contudo, consideram que será mais fácil agora investir nos elos bilaterais do que pressionar pela volta ao Mercosul, ante a resistência de Cartes em reintegrar o bloco sob a presidência da Venezuela --que vai até dezembro.

Reunidos em julho em Montevidéu, Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela decidiram que a suspensão a Assunção chegaria ao fim assim que Cartes fosse empossado. Eles, contudo, não cederam ao pedido do Paraguai de que Caracas não assumisse a presidência do bloco.

O presidente eleito do Paraguai adotou então um discurso mais duro, deixando implícito que poderia não voltar ao Mercosul até dezembro.

"O fim da suspensão do Paraguai é dia 15 [de agosto], então vamos analisá-lo [o retorno] com toda calma, com toda tranquilidade. O Paraguai é parte do Mercosul desde sua fundação", disse Loizaga.

Segundo ele, será "muito importante" a presença de Dilma e do uruguaio José Mujica na posse. A Casa Rosada ainda não confirmou se Cristina Kirchner irá a Assunção.

Cartes não convidou o venezuelano Nicolás Maduro. "Foram convidados os países que têm representação diplomática no Paraguai neste momento", disse Loizaga. Após a queda de Fernando Lugo em 2012, Caracas fechou a embaixada em Assunção.


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