Folha de S. Paulo


Análise: Delator serve de exemplo dos impulsos do jornalismo

O Comitê Judiciário do Senado americano formula uma "lei de segurança" que dará aos repórteres mais proteção quando o governo tentar grampear, prender ou exigir a identidade das fontes.

Um senador pergunta: é uma proteção para membros do WikiLeaks? O autor do projeto, o senador Charles Schumer discute: "Há pessoas que fazem jornalismo de verdade de um modo diferente do qual estamos acostumados --elas não deveriam ser excluídas".

Queremos proteger os jornalistas "reais", mas a natureza rígida da realidade nos ilude. E a realidade assume nova dimensão quando Glenn Greenwald e Edward Snowden publicam séries de exclusivas.

Seria Greenwald, um colunista liberal e brilhante do "Guardian" um jornalista "de verdade"? Não de acordo com certas vozes do governo Obama e alguns colegas elitistas.

Eles dizem que Greenwald é "um ativista" --dando a entender que não é justo, equilibrado e adequado para ser empregado por organizações "respeitáveis". Portanto, seu trabalho seria contaminado.

O jornalismo de ação é definido pelas histórias produzidas. O que importa é o que é veiculado, o que afeta a consciência pública --e não o manual que rege sua prática.

Nós temos razões para chamarmos de "cidadãos jornalistas" os homens e mulheres em Homs, que se aventuram nas ruas com seus celulares. Eles estão fotografando algo que o mundo precisa ver.

Apresentadores de TV não gostam de ser associados a tipos como Greenwald, pois ele acredita no que reporta e se envolve. De novo, o que conta é como a matéria surge por uma teia de percepções existentes. Greenwald é um jornalista. Snowden exemplifica os impulsos do jornalismo. E ninguém deveria imaginar que uma lei pode protegê-los. Jornalistas não são assim.

Já proprietários de jornais...


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