Folha de S. Paulo


Israel anuncia novas obras em colônias a quatro dias de diálogo de paz

O Ministério da Habitação de Israel anunciou neste domingo, quatro dias antes do reatamento do processo de paz com os palestinos, a construção de mais de mil casas em assentamentos judaicos situados nos territórios ocupados de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia.

Os palestinos reivindicam há anos um compromisso israelense de interromper a ampliação dos assentamentos para retornar à mesa de negociações, mas aceitaram entrar em diálogo apenas com um compromisso verbal, extraoficial, de frear o ritmo de obras e de fazê-las só nos assentamentos maiores.

Para os palestinos, os assentamentos inviabilizam a chamada solução de dois Estados, ou seja, a convivência de um Estado palestino ao lado do judaico. Para os israelenses, as construções são um reflexo do crescimento natural dessas comunidades.

Pela ordem, serão 793 novos assentamentos em Jerusalém Oriental e 394 na Cisjordânia.

Amir Cohen/Reuters
Palestinos trabalham em construção de colônia judaica na Cisjordânia, perto da cidade de Belém
Palestinos trabalham em construção de colônia judaica na Cisjordânia, perto da cidade de Belém

O ministro da Habitação, Uri Ariel, do partido ultradireitista Habait Hayehudi, disse, ao fazer o anúncio, que "nenhum país no mundo permitiria que alguém lhe dissesse onde pode ou não construir". "Continuaremos vendendo casas e construindo em todas as partes de Israel: no Neguev, na Galileia e no centro para dar resposta às necessidades de moradia do povo de Israel."

O anúncio provocou uma reação rápida do negociador palestino Mohamad Shtayeh, que afirmou ver provas de que Israel não encara com seriedade as negociações de paz.

"[Isso mostra que Israel] não é sério nas negociações e tem a intenção, com densas atividades de construção nas colônias, de destruir as bases de uma solução desejada pela comunidade internacional, que procura criar um Estado palestino com base nas fronteiras de 1967", disse Shtayyeh.

PAZ

O diálogo de paz, que estava paralisado desde 2010, deve começar na próxima quarta-feira em Jerusalém e será liderado pela ministra da Justiça israelense, Tzipi Livni, e pelo chefe negociador palestino, Saeb Erekat.

O diplomata americano Martin Indyk será o encarregado de mediar as conversas, que se estenderão por nove meses com encontros a cada uma ou duas semanas em Jerusalém, Ramallah (capital da Cisjordânia), Jericó e Amã (na Jordânia).

HÉRNIA

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, foi operado de uma hérnia na noite deste sábado em um hospital de Jerusalém, anunciou seu gabinete em um comunicado. O comunicado informa que a operação, realizada no hospital Hadassah Ein Kerem, foi um sucesso e durou aproximadamente uma hora.

Netanyahu, de 63 anos, já recebeu alta.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

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