Folha de S. Paulo


Irã nega que presidente eleito tenha pedido fim de Israel

O Irã negou que o presidente eleito do país, Hasan Rowhani, tenha chamado Israel de "chaga que deve ser removida" em um discurso durante um evento de apoio aos palestinos nesta sexta-feira. A mensagem foi publicada mais cedo pelas agências de notícias iranianas.

A confusão com o pronunciamento acontece dois dias antes da posse do novo mandatário, que é um clérigo moderado. Ele substitui Mahmoud Ahmadinejad que, em seus oito anos de mandato, aprofundou a retórica da República Islâmica contra Israel, com declarações como a negativa do Holocausto.

Atta Kenare/AFP
Presidente eleito do Irã, Hassan Rowhani, em evento de apoio a palestinos; segundo agência, ele chamou Israel de
Presidente eleito do Irã, Hasan Rowhani, em evento de apoio a palestinos; segundo agência, ele chamou Israel de "chaga"

A declaração foi inicialmente publicada na agência Isna, vinculada ao movimento estudantil, e replicada pela Irna, uma das principais agências do país. "O regime sionista é uma chaga que se estabeleceu no corpo do mundo muçulmano por anos e deve ser removida".

Porém, o canal estatal Press TV disse que as agências de notícias iranianas distorceram a frase de Rowhani. "Existe uma ferida há muitos anos no corpo do mundo islâmico sob ocupação da terra sagrada da Palestina e de nossa amada Al Quds [Jerusalém para os islâmicos]".

Depois da emissão, a agência de notícias Isna corrigiu o texto, usando a versão reproduzida pela televisão estatal. No entanto, as informações já haviam sido replicadas pelas principais agências de notícias e jornais internacionais.

NETANYAHU

O discurso provocou a reação do gabinete do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, dizendo que as palavras de Rowhani sobre Israel mostravam sua verdadeira cara. "Ainda que os iranianos neguem depois estes comentários, isto é o que ele pensa e reflete os planos do regime".

"O presidente mudou, mas os objetivos do regime continuam os mesmos: conseguir armas nucleares para ameaçar Israel, o Oriente Médio e a paz mundial. Não devemos permitir que um Estado que ameaça Israel tenha armas de destruição em massa".

O discurso foi feito em um evento do dia de Al Quds, data lembrada no Irã desde 1979, ano da Revolução Islâmica, como uma manifestação de apoio aos palestinos e de repúdio a Israel e aos Estados Unidos. A celebração coincide com a última sexta-feira do Ramadã, mês sagrado para os islâmicos.

No mesmo evento, Ahmadinejad, que deixa o cargo em dois dias, afirmou que existe "uma tempestade no Oriente Médio" para eliminar Israel que, para ele, não tem lugar na região. "Informo a vocês tendo Deus como testemunha que uma tempestade devastadora está a caminho para eliminar as bases do sionismo".


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