Folha de S. Paulo


Novo presidente do Irã zomba de Israel, um 'país miserável'

O presidente eleito do Irã, Hasan Rowhani, rebateu ontem ameaças de ataque israelense e zombou do Estado judaico. "Quando um país regional miserável diz que todas as opções estão sobre a mesa, dá vontade de rir", afirmou Rowhani em Teerã, durante evento em homenagem aos veteranos da guerra Irã-Iraque (1980-1988).

"Quem são os sionistas para nos ameaçar?", indagou o presidente eleito, que assume em agosto no lugar de Mahmoud Ahmadinejad.

As declarações aparentam ser uma resposta ao premiê israelense, Binyamin Netanyahu, que no domingo voltou a deixar no ar a possibilidade de ordenar bombardeio ao Irã e criticou Rowhani.

Em entrevista à emissora americana de TV CBS, Netanyahu disse que o Irã está "se aproximando da linha vermelha" pela qual, segundo o premiê, Teerã terá urânio enriquecido suficiente para fabricar a bomba atômica, limiar considerado inaceitável para o governo israelense.

Única potência nuclear do Oriente Médio, Israel diz encarar o programa nuclear iraniano como ameaça à sua existência e questiona a eficiência de negociações diplomáticas.

Teerã nega querer um arsenal nuclear e argumenta que tratados internacionais lhe garantem o direito de enriquecer urânio para fins energéticos e medicinais.

Rowhani, que foi negociador nuclear chefe do Irã ate 2005, despertou entusiasmo em setores do Ocidente ao prometer mais flexibilidade no diálogo com as potências.

Especula-se que o presidente eleito se disponha a reduzir o grau de pureza do enriquecimento de urânio, o que daria mais garantias de que o programa nuclear não será desviado para fins militares.

Rowhani está submetido à autoridade do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, mas se espera que os dois tenham acordado retomar uma abordagem mais conciliadora.

Mas Netanyahu disse à CBS que Rowhani é um "lobo em pele de cordeiro", que "sorri enquanto constrói a bomba".

Há temores de que um eventual fracasso na próxima rodada de negociações nucleares, ainda sem data, leve Israel a atacar o Irã, o que poderia gerar consequências devastadoras na região.

ACENO À LINHA DURA

Cerca de cinco semanas após triunfar nas urnas, Rowhani vem manobrando para costurar alianças necessárias à implementação de sua agenda de viés reformista.

Após sugerir que buscará melhor relação com o Ocidente e dará maiores liberdades individuais aos iranianos, ele adotou retórica mais sintonizada com as forças conservadoras que dominam o regime e cujo apoio político é necessário ao novo governo.


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