Folha de S. Paulo


Folha acompanha passo a passo a Primavera Árabe; veja

Em 17 de dezembro de 2010, o vendedor ambulante Mohamed Bouzizi ateou fogo no próprio corpo após ser humilhado por funcionários de uma prefeitura do interior da Tunísia.

Essa foi a faísca para a Primavera Árabe, onda de protestos que teve início em um país à beira da combustão, com desigualdades sociais e uma população indignada pelos 23 anos de governo do ditador Zine el Abidine Ben Ali.

O funeral do mártir em 4 de janeiro de 2011 atraiu milhares de pessoas. Começavam ali os protestos tunisianos. Foram dez dias de confrontos entre manifestantes e militares, que culminaram na renúncia e fuga de Ben Ali para a Arábia Saudita.

A onda de protestos na Tunísia serviu de inspiração aos povos dos países vizinhos. No dia 25 de janeiro de 2011 começa a crise no Egito. No chamado "Dia de Fúria", milhares foram às ruas exigir a saída de Hosni Mubarak.

A pressão popular foi tão forte que derrubou o regime ditatorial que já durava 30 anos. O anúncio da renúncia de Mubarak foi feito pelo vice-presidente Omar Suleiman, em 11 de fevereiro.

Cinco dias depois, e seguindo os passos dos tunisianos e egípcios, dois mil manifestantes protestaram em Benghazi, na Líbia, devido à detenção do ativista dos direitos humanos Fethi Tarbel.

Em pouco tempo, porém, os protestos tomaram contornos antigoverno, já que Muammar Gaddafi estava no poder desde 1969. Com isso, a oposição força a saída do ditador, e o número de mortos no confronto não para de crescer.

No dia 26 de fevereiro de 2011 a ONU aprova sanções contra Gaddafi, bloqueia seus bens no exterior e estabelece o embargo de armas. Barack Obama, presidente dos EUA, pede a saída do ditador.

O conflito líbio seguia sem uma previsão para acabar, e a Primavera Árabe continuava a se espalhar pela região, chegando à Síria. Em 16 de março,150 manifestantes, que pediam a libertação de parentes em Damasco, são presos pelas forças de segurança do governo local.

Três dias depois, coalizão formada por EUA, Reino Unido e França realiza bombardeio contra Gaddafi. Foram 110 mísseis em 20 alvos. No mesmo dia, egípcios foram às urnas e aprovaram a reforma da Constituição.

No dia 30 de março, na Síria, Bashar Assad fazia o seu 1º discurso sobre a onda de protestos (iniciada 11 dias antes em seu país), que já havia resultado na morte de mais de 60 pessoas.

Sorridente, Assad atribuiu os atos antigoverno a um 'complô estrangeiro' e desafiou os manifestantes. Em maio, a União Europeia aplicou sanções ao ditador e mais nove membros do governo.

Sírios fogem para a Turquia em 8 de junho de 2011 com medo do envio de tropas de elite do ditador Bashar Assad para Jisr al Shughir e Idlib, cidades no norte da Síria controladas por opositores do regime.

O clima de tensão aumenta na periferia de Damasco em 16 de setembro e a situação assume contornos de guerra civil em um confronto aberto e sangrento.

A ação do ditador sírio continua após forças do regime matarem, ao menos, cinco civis no funeral do líder da oposição, Mashaal Tammo.

Já o ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, é capturado por rebeldes e assassinado em 20 de outubro. Sua morte é um marco da Primavera Árabe, que derrubou os ditadores da Tunísia e do Egito e abalou a Síria.

Durante o ano de 2011 foram realizados também diversos protestos no Iêmen. Em 23 de novembro, o ditador iemenita Ali Abdullah Saleh cumpre promessa e assina documento no qual se compromete a deixar o governo ao seu vice Abd-Rabbu Mansour Hadi e convocar eleições.

O pleito ocorreu em 21 de fevereiro de 2012, e foi marcado pela violência e pela morte de nove pessoas. Saleh foi o quarto ditador derrubado na Primavera Árabe.

Um ano e meio após a deposição de Hosni Mubarak, o Egito se torna o primeiro país árabe a ter um chefe de Estado islamita democraticamente eleito. Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, venceu o general da reserva Ahmed Shafiq, último premiê de Mubarak.


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