Folha de S. Paulo


Snowden deve deixar de vazar dados para ficar na Rússia, diz Putin

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta segunda-feira que a Rússia não irá extraditar o técnico de informática Edward Snowden, que revelou o esquema de monitoramento de telefones e dados de internet feito pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, em inglês).

Washington pediu sua extradição para que seja processado por roubo, transferência de propriedade do governo e espionagem, o que pode lhe render até 30 anos de prisão. O delator está na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, desde o último domingo (23) e pediu asilo ao Equador.

Em entrevista coletiva em Moscou, Putin voltou a negar que o delator é um agente do Kremlin e afirmou que ele ainda está no terminal aéreo. Ele, no entanto, impôs como condição para recebê-lo o fim da divulgação de informações sigilosas dos Estados Unidos.

"Se ele quiser sair daqui e alguém o receba, que vá embora por favor. Se ele quiser ficar aqui, deve parar seu trabalho dirigido a prejudicar nossos sócios americanos. Por mais estranho que eu esteja pedindo isso. Mas, como não tem a intenção de deixar esse trabalho, deverá escolher um país de destino", afirmou.

As declarações foram feitas enquanto Putin participava de evento com representantes de países produtores de gás. Dentre eles, está o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que se mostrou disposto a avaliar asilo a Snowden caso fosse solicitado. Putin negou saber se Snowden sairá do país no avião venezuelano.

Na mesma hora, mas na Tanzânia, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que Moscou e Washington mantêm contatos para tentar conseguir a extradição de Snowden. Representantes da KGB e do FBI (Birô Federal de Investigações, em inglês) trabalham em conjunto no caso.

DELATOR

Ex-assistente técnico da CIA e funcionário da Booz Allen Hamilton, prestadora de serviços no setor de defesa, Snowden trabalhava para a NSA há quatro anos, como representante da Booz Allen e de outras empresas, como a Dell.

A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.

Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.


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