Folha de S. Paulo


Irã encerra votação após longas filas para escolha do sucessor de Ahmadinejad

Todas as urnas das eleições presidenciais do Irã foram fechadas após a extensão do período de votação. O pleito durou quatro horas a mais do que o previsto no interior do país, e cinco horas a mais na capital, Teerã, devido a uma participação maior do que inicialmente prevista, causando longas filas. O anúncio foi feito pelo Ministério do Interior.

"Devido aos relatórios recebidos das diversas circunscrições no país pedindo uma prolongação das eleições, o ministro do Interior decidiu adiá-las até as 20h" (13h30 de Brasília), afirmou o comunicado do ministério lido na rede de televisão estatal.

Pouco antes, o ministro do Interior, Mostafa Mohamed Najar, citado pela agência Fars, havia declarado que, "devido à afluência dos eleitores, as operações de votação certamente serão prolongadas". Ele disse ainda que os resultados serão divulgados "assim que possível".

Não foram fornecidos números sobre a taxa de participação, mas muitos eleitores faziam fila em frente aos locais de votação em Teerã, constataram jornalistas da agência de notícias AFP. Segundo fontes da agência de notícias Reuters, as filas para a votação eram maiores do que na última eleição, em 2009.

Cerca de 50,5 milhões de eleitores foram convocados para eleger o sucessor do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que não pode aspirar a um terceiro mandato consecutivo e cuja reeleição em 2009 havia sido impugnada nas manifestações. Os iranianos também elegem seus vereadores.

EUA

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse nesta sexta que não "dá a mínima" para as acusações norte-americanas de que a votação é injusta.

"Recentemente, ouvi que alguém no Conselho de Segurança Nacional dos EUA disse que 'nós não aceitamos esta eleição no Irã'. Nós não damos a mínima", disse.

Em 24 de maio, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, colocou em dúvida a credibilidade da eleição, criticando a desqualificação de candidatos e acusando Teerã de interromper o acesso à Internet.

CANDIDATOS

Khamenei manobra nos últimos anos para garantir uma Presidência mais dócil à sua autoridade, segundo analistas e diplomatas em Teerã.

A estratégia se reflete na lista de nomes autorizados a disputar a eleição. O Conselho de Guardiães, órgão constitucional que avalia as credenciais ideológicas dos candidatos, aprovou seis conservadores, dos quais quatro são próximos de Khamenei.

Apenas dois centristas receberam permissão para concorrer (um deles desistiu no meio da campanha). Se ninguém obtiver maioria absoluta, haverá segundo turno.


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