Folha de S. Paulo


Empresas mudaram sistemas para serem monitoradas por EUA, diz jornal

O jornal americano "The New York Times" informou neste sábado que a maioria das empresas de internet americanas fizeram um acordo com o governo para mudar os sistemas para facilitar o monitoramento de dados de usuários pelos serviços de inteligência.

A reportagem é publicada dois dias após a denúncia de que dados de usuários de empresas como Google, Facebook, Microsoft e Apple foram monitorados pela Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês), como parte de um programa chamado PRISM.

Através da iniciativa, os agentes de inteligência podiam conseguir conteúdos de e-mails, mensagens de voz e vídeo, perfis de redes sociais e arquivos compartilhados entre usuários. Na sexta (7), o presidente Barack Obama disse que apenas pessoas que não moram nos Estados Unidos foram monitoradas.

Segundo o jornal, as mudanças foram aprovadas após acordo entre executivos das empresas e o governo americano. Dentre as empresas que teriam aceitado a alteração, estão Google, Facebook, Microsoft, Apple, Yahoo e a AOL.

As companhias são obrigadas por lei a fornecer os dados dos investigados por serviços de inteligência, de acordo com o Código de Vigilância e Inteligência Estrangeira. Nesse caso, as demandas são feitas por ações judiciais de caráter confidencial.

No entanto, algumas empresas fizeram acordos informais para abrir pequenas brechas nos sistemas para permitir o compartilhamento de informações de forma extraoficial. Os dados seriam trocados em salas de bate-papo secretas, hospedadas em servidores confidenciais.

As negociações continuaram nos últimos meses até que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, Martin Dempsey, viajou ao Vale do Silício para encontros com executivos das empresas. Dentre as discussões feitas sobre o futuro da internet, estava o projeto de compartilhamento de dados.

TWITTER

Uma das empresas, no entanto, não aceitou o acordo e se manteve apenas no sistema legal de vigilância. O Twitter se negou a fornecer brechas em seus sistemas para permitir maiores invasões do governo. O serviço de microblog também não aparece entre as empresas que foram monitoradas pelo PRISM.

Questionadas pelo "New York Times", as companhias de internet disseram não ter conhecimento sobre o programa do governo para facilitar o acesso a seus servidores. Eles também afirmam que só fornecem dados após ordem judicial e que, nestes casos, elas são transmitidas de forma eletrônica.

Na quinta, os jornais "Guardian" e "The Washington Post" informaram sobre as operações de interceptação de ligações da companhia telefônica Verizon e de dados de usuários de grandes empresas de internet, como Google, Facebook, Microsoft e Apple.

A interceptação dos dados provocou fortes críticas a Obama, que, durante a campanha para seu primeiro mandato como presidente, prometeu manter a privacidade dos americanos. Na sexta (7), o mandatário disse que mudou de ideia e viu que o programa era eficaz no combate ao terrorismo.

"Quando assumi meu mandato, me comprometi com duas coisas: o respeito à Constituição e a proteção dos cidadãos americanos. Não podemos ter 100% de segurança com 100% de privacidade e sem nenhum inconveniente".


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