A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou na sexta-feira que ajudaria a Arábia Saudita a investigar mais a fundo os surtos mortíferos de um novo vírus semelhante ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), a fim de preparar orientações aos milhões de muçulmanos que acorrerão ao país durante a peregrinação anual conhecida como haj.
A agência da ONU, que no momento não está recomendando restrições a viagens à Arábia Saudita ou exames dos passageiros em aeroportos e outros pontos de entrada, enviará uma segunda equipe de especialistas para lá dentro de algumas semanas, anunciou Margaret Chan, diretora da OMS.
O vírus, que pode causar tosse, febre e pneumonia, emergiu na Arábia Saudita no ano passado e foi identificado em 33 pessoas no país, causando 17 mortes. Até agora, foram identificados 44 casos da doença no mundo, com 22 mortes, de acordo com a OMS, que a designou como Síndrome Respiratória do Oriente Médio - Coronavírus (MERS-CoV).
"Sem uma avaliação de risco adequada, não poderemos ter clareza sobre o período de incubação, os sinais e sintomas da doença, sua administração clínica correta e, por fim mas não menos importante, as orientações quanto a viagens que ela possa justificar", disse Chan durante a reunião ministerial anual da OMS, em Genebra.
A OMS, que enviou uma primeira equipe à Arábia Saudita este mês, oferecerá uma nova avaliação antes da haj deste ano, que acontece em outubro.
"Precisamos ter clareza sobre os fatos e oferecer as orientações corretas a todos os seus países de onde peregrinos desejem visitar Meca. É bastante urgente", disse Chan.
Milhões de pessoas acorrem às cidades sagradas muçulmanas de Medina e Meca durante a haj, ainda que peregrinos visitem as duas cidades o ano inteiro.
CENTRADO NO ORIENTE MÉDIO
O vírus foi encontrado também na Jordânia, Catar, Tunísia e Emirados Árabes Unidos (EAU), de onde casos isolados foram exportados para a França, Reino Unido e Alemanha por viajantes.
A Arábia Saudita anunciou na sexta-feira que controles mais rígidos haviam sido adotados para ajudar a controlar um surto de MERS-CoV em um hospital de Al Ahsa, no leste do país, que registrou 22 pessoas infectadas e 10 mortes.
"Certas medidas de controle de infecção foram aplicadas porque imaginávamos que existisse alguma transmissão em curso em áreas nas quais pacientes estivessem agrupados. Elas incluem a unidade de terapia intensiva e a unidade de hemodiálise", disse Ziad Memish, ministro assistente da Saúde saudita durante a reunião de Genebra.
As medidas incluem separar os pacientes ou aumentar a distância entre eles, e reduzir o contato direto.
Restam muitas questões sobre a difusão do novo vírus, e sobre o vetor, que pode ser transmissão de superfície ou via animais. Funcionários sauditas e da OMS diz que houve algum contágio de pessoa a pessoa, mas apenas em casos de contato próximo ou prolongado.
As autoridades sauditas recolheram grande número de amostras de morcegos, camelos, carneiros e gatos para teste, disse Memish.
Perguntado sobre os fatores de risco para contração da doença, Memish disse que "parece que ser homem é um fator de risco, ser velho é um fator de risco, e ser portador de doenças como diabetes, problemas cardíacos e insuficiência renal também parece colocar a pessoa em risco".
Tradução de PAULO MIGLIACCI