Folha de S. Paulo


Maduro diz saber quem votou contra ele nas eleições presidenciais

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deu a entender que teve acesso à identidade de eleitores que votaram contra ele nas últimas eleições presidenciais, em abril, durante discurso em um evento popular.

Ao falar do projeto de habitação do governo Gran Misión Vivienda Venezuela, iniciado durante a gestão de Hugo Chávez, criticou beneficiados que teriam votado nem seu rival, Henrique Capriles: "Os apadrinhados roubaram o dinheiro [do programa], e agora pretendem cobrar as moradias do nosso povo", disse, referindo-se aos "900 mil compatriotas, já sabemos, com carteira de identidade e tudo" que votaram em Chávez, em 2012, mas não nele, seu sucessor.

Oposição pede processo contra Maduro

As declarações foram feitas na quinta, mas repercutidas pela mídia venezuelana no dia seguinte.

Maduro foi declarado vencedor nas eleições por uma pequena margem, de 1,5% dos votos. A oposição não reconheceu oficialmente a derrota e pediu a impugnação do pleito, por suspeita de fraude.

CRÍTICA

Capriles, afirmou nesta sexta-feira que o voto é secreto, rebatendo as advertências de Maduro de que o governo tem a identificação dos 900 mil eleitores que não votaram nele em 14 de abril.

"Todos sabemos que o voto é secreto e, além disso, quase um milhão de seguidores do presidente Chávez votaram no 'flaco' [como Capriles é conhecido]. (...) Se esse cavalheiro diz que ele sabe quem não votou nele, então está dizendo que a eleição é fraudulenta, porque a lei diz que o voto é secreto", disse Capriles a uma multidão, durante uma assembleia no estado Anzoátegui (leste).

Ele acrescentou que as declarações de Maduro têm como objetivo amedrontar a população. "Nosso povo pode ficar tranquilo, porque fazem isso para ver quem, entre aqueles que trabalham em instituições do Estado ou estão em um programa social do governo, cai na armadilha para depois se lançarem contra eles", denunciou.


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