Folha de S. Paulo


Japão cresce após ação agressiva do BC

A economia japonesa cresceu 0,9% entre janeiro e março, ante o último trimestre de 2012. Em termos anualizados, a alta foi de 3,5%.

É o segundo trimestre consecutivo de crescimento para o terceiro maior PIB (Produto Interno Bruto) do mundo, atrás de EUA e China.

Os números superam as expectativas do mercado, que eram de alta de 0,7% no trimestre, ou 2,8% em ritmo anualizado.

Trata-se do primeiro sinal de que as audaciosas políticas monetárias e econômicas do primeiro-ministro Shinzo Abe começam a dar frutos.

Segundo o governo, os bons resultados se devem ao maior consumo interno e às exportações.

As vendas para o exterior cresceram 3,8%, beneficiadas pela desvalorização do iene, que levou a um aumento nos embarques de carros e bens industrializados aos Estados Unidos. Isso compensou a queda nas exportações para a China e a Europa.

O consumo pessoal, que responde pela maior parte do PIB japonês, subiu 0,9%, em função da confiança sobre a recuperação econômica.

O ritmo sólido, que surgiu após dois trimestres de contração e um no qual o crescimento foi de apenas 0,2%, parece apontar para o início de uma reviravolta no desempenho da economia do país.

AS TRÊS FLECHAS

Os números servem como impulso para Abe, que assumiu o governo em dezembro e usou o que define como "método das três flechas" para tirar o país do declínio deflacionário.

Ele se concentrou em uma política monetária agressiva, que inundou a economia com dinheiro de baixo custo. Abe adotou também um programa fiscal de gastos e promoveu reformas para tornar a economia mais competitiva.

Na gestão Abe, o Banco do Japão tem como meta dobrar sua base monetária e gerar inflação de 2% até 2014.

A primeira flecha foi uma desvalorização do iene em cerca de 20% nos seis últimos meses, o que beneficia os exportadores. Empresas como a Toyota e a Sony registraram recuperação nos lucros no primeiro trimestre de 2013.

A segunda flecha é o aumento nos gastos. Abe pressionou pela aprovação de um pacote de estímulo de emergência de 10 trilhões de ienes, em fevereiro --seguido por um orçamento inicial de 92,6 trilhões de ienes para 2013, já aprovado pelo Legislativo.

Os economistas dizem que, para o crescimento continuar, a terceira flecha será crucial: reformas estruturais, cujo objetivo é tornar a economia mais competitiva. Entre elas, a flexibilização do mercado de trabalho e a redução das barreiras ao comércio externo.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Editoria de Arte/Folhapress

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