O ex-primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif iniciou neste domingo consultas para formar um novo governo de coalizão, após a vitória de seu partido em um pleito marcado por uma forte participação popular e atentados.
O retorno ao poder ex-premiê, de 63 anos, deposto pelo golpe de Estado de Pervez Musharraf em 1999, ainda deve ser confirmado oficialmente pela comissão eleitoral, mas os resultados parciais davam como certa a sua vitória e a de seu partido, a Liga Muçulmana (PML-N, centro-direita).
Seu principal adversário, o Movimento para a Justiça (PTI), do ex-astro do críquete Imran Khan, reconheceu a derrota em nível nacional.
"Felicito toda a nação por ter participado de um maciço processo democrático" declarou Khan. O candidato citou, contudo, fraudes na votação e prometeu divulgar um relatório completo.
O Partido do Povo Paquistanês (PPP), que liderou a coalizão no poder há cinco anos, sofreu um duro revés: foi praticamente eliminado do mapa político do país, exceto na província meridional de Sinud.
REPERCUSSÃO
O presidente afegão, Hamid Karzai, pediu neste domingo ao próximo governo que o ajude a negociar com o talibã pelo fim da rebelião que assola o país desde 2001. O Paquistão, país vizinho, também enfrenta problemas com o talibã em seu território.
"Esperamos que o governo trace o caminho para a paz e a fraternidade com o Afeganistão e coopere na luta contra o terrorismo e o desmantelamento dos santuários terroristas", acrescentou.
Omer Saleem 11.mai.13/Efe | ||
Apoiadores do ex-premiê Nawaz Sharif, que deve ser anunicado como vencedor das eleições no Paquistão |
O presidente americano, Barack Obama, felicitou o povo paquistanês pela "transferência histórica, pacífica e transparente do poder civil". Segundo ele, o governo dos EUA "tem pressa em continuar a cooperação com o Paquistão".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, saudou "a coragem e determinação dos partidos políticos e funcionários responsáveis pela organização dos comícios, frente à situação difícil envolvendo a segurança".
PLEITO HISTÓRICO
As eleições foram consideradas histórica porque permitirão a um governo civil entregar o poder a outro depois de um mandato de cinco anos, algo inédito no país, criado em 1947 e com uma história marcada por golpes de Estado.
Mais de 86 milhões de pessoas estavam habilitadas a votar para escolher 342 deputados e representantes em quatro assembleias provinciais. Apesar de atentados que mataram mais de 20 pessoas, cerca de 60% dos eleitores foram às urnas, nível recorde no país.
Segundo projeções dos canais de televisão, a Liga Muçulmana (PML-N), de Sharif, obteve uma ampla vantagem sobre o PTI (Movimento pela Justiça), de Imran Khan, e o PPP da família Bhutto.
Após a apuração de mais da metade dos votos, os canais de TV paquistaneses indicaram que o partido de Sharif obteria mais de 115 cadeiras em 272. Cerca de 30 iriam para o PTI, e outras para o PPP.
A PML-N não conseguiu, portanto, a maioria absoluta, e deverá negociar com os outros partidos para formar uma coalizão.
"Temos que agradecer a Deus por ter dado à PML-N outra oportunidade de servir ao Paquistão", disse Sharif. "Convido todos os partidos a se sentar comigo em uma mesa para resolver os problemas do país", declarou.
A ascensão de Sharif pela terceira vez ao cargo de primeiro-ministro representará um recorde no Paquistão, depois de ter ocupado o cargo entre 1990 e 1993, até ser derrubado por corrupção, e entre 1997 e 1999, quando foi destituído pelo golpe de Estado de Musharraf.