Folha de S. Paulo


Sobe para 501 número de mortos em desabamento em Bangladesh

O Exército de Bangladesh informou nesta sexta-feira que subiu para 501 o número de mortos no desabamento do prédio Rana Plaza, em Savar, na periferia da capital Dacca, no último dia 24. Hoje, as autoridades do país prenderam um engenheiro responsável pelo prédio e fecharam uma fábrica vizinha.

O porta-voz dos militares, Shahinul Islam, confirmou o número de vítimas, após as equipes de resgate tirarem mais 55 corpos dos escombros do prédio de oito andares, que abrigava cinco confecções que vendiam roupas a empresas europeias e americanas.

Até o momento, as autoridades locais contabilizam 2.437 feridos pela tragédia, em sua maioria funcionários das fábricas, que tinham cerca de 3.100 operários. O número de desaparecidos ainda não foi determinado pelas equipes de resgate.

Na noite de quinta, a polícia local prendeu o engenheiro Abdur Razzah Khan, acusado de negligência em relação ao desabamento. No dia anterior à tragédia, ele foi chamado pelo proprietário do prédio, Mohammed Shoel Rana, para avaliar o estado da construção.

Ele havia detectado rachaduras que colocavam em risco a segurança do edifício, que deveria ter sido fechado. O engenheiro disse, em entrevista à televisão local, que avisou ao dono do prédio para fazer a retirada dos funcionários e à polícia sobre o risco de desabamento.

Khan ainda afirmou que a polícia chegou a ordenar a retirada no dia da tragédia, mas o dono do prédio não respeitou a ordem. Ele também é considerado responsável pela obra que construiu três andares a mais no edifício, o que não foi autorizado pelo governo.

Também ontem, o governo de Bangladesh suspendeu o prefeito de Savar, Mohammed Refatula, acusado de ter permitido a construção do Rana Plaza. Outras dez pessoas foram presas. A polícia procura ainda o espanhol David Mayor, responsável por cinco confecções que estavam instaladas no prédio.

FÁBRICAS

Nesta sexta, as autoridades locais ordenaram o fechamento de outra fábrica de Savar, a 1,5 km do local da tragédia, também por risco de desabamento. Segundo a Associação Nacional de Fabricantes e Exportadores de Confecção, a maioria das fábricas voltou a operar ontem.

O país exporta cerca de US$ 19 bilhões (R$ 38 bilhões) em roupas e calçados, 60% deles destinados ao mercado europeu. Após a tragédia, empresas europeias e americanas que compravam roupas de confecções do prédio decidiram rever os contratos e ajudar as vítimas da tragédia.

Devido ao acidente, a União Europeia diz que considera tomar providências para diminuir o privilégio de Bangladesh na venda de roupas aos países do bloco, como forma de pressionar o governo local a aumentar os padrões de segurança.

Cerca de 3,6 milhões de pessoas trabalham na indústria têxtil do país asiático, o segundo maior exportador do setor atrás da China. A maioria dos empregados é de mulheres, que ganham em média US$ 38 (R$ 76) por mês, em rotinas de trabalho próximas à escravidão.


Endereço da página: