Folha de S. Paulo


Atentado mata ao menos 13 em Damasco um dia após ataque a premiê

Um novo atentado deixou ao menos 13 mortos e 70 feridos no centro de Damasco nesta terça-feira, um dia após o primeiro-ministro do país, Wael al Halqi, ter sobrevivido a outra explosão criminosa na mesma região da capital síria.

As ações ainda não foram reivindicadas por nenhum grupo, mas a principal suspeita é a Frente al Nusra, que já reivindicou outras ações similares desde o ano passado. Os extremistas rebeldes afirmam lealdade à rede terrorista Al Qaeda e se dizem responsáveis pelo ataque que matou quatro ministros sírios, em julho.

Khaled al-Hariri/Reuters
Carro é destruído ao lado do Ministério do Interior da Síria após ataque à praça Marjeh, em Damasco
Carro é destruído ao lado do Ministério do Interior da Síria após ataque à praça Marjeh, em Damasco

Os números são da televisão estatal síria, que informou ainda que muitos dos feridos foram encaminhados a hospitais em estado grave. O opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres, informou sobre a morte de 14 pessoas, sendo três militares, e disse que o número de mortos deve subir.

O ataque desta terça aconteceu na praça Marjeh, a seis quilômetros do local do atentado de ontem e ao lado do Ministério do Interior, responsável pela polícia e os órgãos de inteligência do regime de Bashar Assad. A região é alvo de intensos atentados, incluindo o que, em dezembro, feriu o ministro Mohammed al Shaar.

O canal Al Ikhbariya mostrou bombeiros atravessando uma camada de fumaça após a explosão e dois corpos de vítimas do atentado que estavam no chão. Equipes de segurança tentavam resgatar os feridos. Ainda não se sabe qual era o alvo da explosão.

Moradores de Damasco informaram às agências de notícias que a explosão abalou casas e prédios a um raio de dois quilômetros do local do atentado. Eles também disseram que houve tiroteio na região do ataque logo após a detonação da bomba, que ainda não se sabe onde foi colocada.

Para Mohammed al Shaar, o atentado foi um revide fracassado dos rebeldes diante dos avanços do Exército da Síria contra os insurgentes, nas imediações da cidade. As informações não podem ser confirmadas de forma independente devido às restrições ao trabalho de jornalistas e organizações internacionais.

ALVOS DO GOVERNO

Este é o segundo atentado na capital síria em dois dias. Na segunda (29), o primeiro-ministro Wael al Halqi escapou ileso de uma explosão contra o comboio em que viajava no bairro de Mazzeh, um dos mais seguros de Damasco, que abriga embaixadas e prédios do governo.

O atentado de segunda foi o primeiro desde dezembro, quando o prédio do Ministério do Interior foi atacado. Em julho, quatro ministros do gabinete do ditador Bashar Assad, incluindo seu cunhado, que era vice-ministro da Defesa, foram mortos após uma explosão.

O novo atentado pode representar o aumento da ameaça rebelde contra o regime de Assad, após mais de dois anos de conflito armado. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 70 mil pessoas morreram devido aos combates.

Com informações de DIOGO BERCITO, em Jerusalém.


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