Folha de S. Paulo


Putin diz que Rússia aumentou cooperação com EUA após ataque em Boston

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira que o país e os Estados Unidos aumentaram a cooperação contra o terrorismo e em questões de segurança após o atentado na maratona em Boston, no dia 15, que deixou três mortos e 264 feridos.

Washington pediu mais cooperação a Moscou após apontar como suspeitos do ataque dois jovens de origem tchetchena, os irmãos Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev. O primeiro está internado em estado grave, enquanto o segundo, que a polícia acredita ser o mentor do crime, morreu após perseguição policial na sexta (19).

Para o presidente russo, a política do governo para a região do Cáucaso é correta, mas vê a necessidade de troca de informações com os americanos. "Se nós verdadeiramente juntarmos nossos esforços, nós não vamos permitir esse tipo de ataque e sofrer tamanhas perdas".

Ele evitou criticar os Estados Unidos por ter falhado na prevenção do atentado em Boston, mesmo com a preocupação sobre a conduta dos jovens. No entanto, usou o ataque como exemplo para justificar o aumento da força contra os povos islâmicos da insurgência na região do Cáucaso.

"Nós sempre dizemos que é necessária mais ação e menos declarações. Agora, dois criminosos confirmaram a certeza da nossa tese", afirmou, defendendo ainda o reforço da segurança para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi, cidade próxima à área de conflito.

Ex-agente da KGB, o atual mandatário russo foi um dos principais agentes responsáveis por minar a revolta pela independência da Tchetchênia e movimentos semelhantes no Daguestão e na Inguchétia, na década de 1990.

Em diversas ocasiões desde que assumiu seu primeiro mandato como presidente, em 2000, Putin criticou os Estados Unidos por minimizar as ameaças à segurança que representam os militantes islâmicos na região e rejeitou as acusações internacionais de que Moscou usava força exagerada contra os insurgentes.

ATENTADO

Na noite de quarta (24), investigadores do FBI disseram que um controle remoto de um carro de brinquedo foi o mecanismo usado pelos autores do atentado para detonar as bombas à distância. Segundo os agentes, os irmãos obtiveram a informação em uma revista da rede terrorista Al Qaeda.

A publicação, editada pela filial do grupo islâmico no Iêmen, deu orientações a seus seguidores de como fazer artefatos explosivos, incluindo a bomba de panela de pressão usada na ação em Boston. Os explosivos usados para fazer as bombas estavam em fogos de artifício, comprados de forma legal por Tamerlan Tsarnaev.

Os parlamentares, em especial os da oposição republicana, ainda buscam respostas das autoridades policiais sobre como o FBI parou de investigar Tamerlan mesmo tendo evidências de que ele teria obtido informações de grupos terroristas radicais em uma viagem à Rússia, no ano passado.


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