Folha de S. Paulo


FBI interrogou em 2011 um dos suspeitos do atentado em Boston

O FBI (polícia federal norte-americana) interrogou em 2011 o mais velho dos dois irmãos suspeitos de executar as explosões em Boston na segunda-feira (15), que deixou três mortos e mais de 170 feridos, atendendo ao pedido de um governo estrangeiro não identificado.

A conversa do FBI com Tamerlan Tsarnaev --que morreu na madrugada de sexta-feira durante um tiroteio com a polícia--, no entanto, não produziram qualquer informação "depreciativa" e o assunto foi deixado de lado.

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"O pedido foi feito com base na informação de que se ele [Tsarnaev] era um radical islâmico", informou a polícia federal norte-americana, em nota, "e que ele havia mudado drasticamente desde 2010, quando ele se preparava para deixar os Estados Unidos para viajar a uma região de seu país para se juntar a grupos não identificados".

A entidade disse que checou informações do suspeito no banco de dados do governo norte-americano e outras informações, como ligações telefônicas e sites associados à promoção da atividade radical, além de entrevistar o próprio Tamerlan Tsarnaev e membros de sua família.

"O FBI não encontrou nenhuma atividade terrorista, doméstica ou estrangeira, e esses resultados foram informados ao governo estrangeiro no verão de 2011", disse a corporação, que se negou a dizer qual país tinha feito a requisição. "O FBI pediu mas não recebeu mais informações específicas ou adicionais do governo estrangeiro."

Tamerlan Tsarnaev, 26, era residente permanente nos Estados Unidos e seu irmão, Djokhar Tsarnaev, 19, cidadão americano naturalizado. O irmão mais novo está atualmente sob custódia da polícia e internado em um hospital.

Segundo o FBI, Tsarnaev ainda não foi acusado de nenhum crime e é inocente presumido.

Ontem, a mãe dos dois rapazes disse que o mais velho estava sob vigilância do FBI há pelo menos três anos, acreditava na inocência de seus filhos e tudo não passava de uma armação. "Ele foi monitorado pelo FBI por três a cinco anos."

"Eles sabiam o que o meu filho estava fazendo, sabiam o que ele acessava na internet", disse a mãe, que vive na região do Daguestão. "É realmente algo difícil de se ouvir. E, sendo uma mãe, o que posso dizer é que tenho certeza. Tenho, assim, 100% de certeza de que isso é uma armação".

PERSEGUIÇÃO

A perseguição aos irmãos suspeitos mobilizou mais de 9.000 agentes e começou após o FBI divulgar fotos e vídeos dos dois na tarde de quinta.

Djokhar foi detido pela polícia em Watertown, subúrbio de Boston. Ele estava escondido em um barco estacionado no quintal de uma casa, e a polícia disse que ele foi encontrado consciente, sangrando e em estado grave. A prisão foi acompanhada de aplausos de civis presentes perto da cena da captura, enquanto a ambulância que transportava o suspeito deixava o local.

O irmão de Dozkhar, Tamerlan, foi morto em um confronto com a polícia na mesma cidade, na madrugada de quinta para sexta. Horas antes, um policial havia sido morto no MIT (Massachussets Institute os Technology) enquanto atendia uma ocorrência.

Em seguida, um carro foi roubado na região. Os dois crimes deixaram a polícia em estado de alerta e, durante toda a madrugada, viaturas e helicópteros rondaram a cidade em busca do suspeito.

A região metropolitana de Boston passou o dia sob toque de recolher, enquanto a polícia tentava localizar Djokhar. O jovem foi encontrado minutos depois de o governador de Massachussets suspender o toque de recolher, alegando que a cidade não poderia ficar parada, mas que a busca pelo suspeito continuava.

Ed. de arte/Folhapress

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